sábado, 29 de agosto de 2009

O BISPO QUE GOVERNOU PERNAMBUCO





"O Bispo Azeredo Coutinho (Dom José da Cunha Azeredo Coutinho),nasceu em 1742, na okanície de Campos, Estado do Rio de Janeiro, de rica família açucareira, e até os 33 anos dedicou-se aos negócios da família. Teve grande atuação na segunda metade do Século XVIII--- após 1775, ele voltou-se para os estudos em Portugal e três anos depois graduou-se em Cânones na Universidade de Coimbra, 1780.


Apesar de Sacerdote, continuou a se preocupar com os problemas econômicos e, em 1791, publicou um trabalho sobre o preço do açúcar e, três anos depois, umm outro sobre o comércio de Portugal com as Colônias. Permaneceu monarquista durante toda a vida e, apesar de considerado progressista em relação ao seu tempo, defendia a amparo da escravidão. Não há de se estranhar essas posições, uma vez que no fim da vida ocuparia o cargo de Inquisidor-Mor do Reino.


Foi nomeado Bispo de Olinda em 1794, mas permaneceu na Corte por um longo período, só chegando à sua Diocese a 25 de fevereiro de 1798, não se sabendo o porquê desta demora. Ao chegar, porém, o Governo da Capitania estava prestes a vagar, com a conclusão do mandato de Dom Tomaz José de Melo, e ele, na qualidade de Bispo, deveria assumir o Governo como Presidente da Junta Governativa.


Ocupando as duas funções, a de Bispo e a de Governador, ele procurou dar atenção a uma e outra, procurando se informar dos problemas mais importantes enfretados pela Capitania. Como Governador deparou-se com vários problemas: uma grande seca; a ação de piratas na costa, ameaçando sempre o rico porto do Recife; a dificuldade de abastecimento de carne, levando-se em conta que a área pecuária se encontrava a grande distância, no Sertão; e com problemas de abastecimento d'água. Também teve que enfrentar a corrupção generalizada, tanto no serviço público como nas atvidades privadas, com os proprietários evitando pagar os impostos devidos. Ainda se viu em apuros para manter um bom nível para a educação, com professores mal pagos,nem sempre competentes e dedicados, e com um desfalque no preechimento dos assentos.


Face a estes desafios, ele tentou o apoio dos comerciantes para adquirir uma fragata que vigiasse a costa e guarnecesse o Porto do Recife.Decepcionou-se com a pouca receptividade dos mesmos, apesar de serem os maiores interessados, e adquiriu, com os poucos recursos de que dispunha, uma fragata que passou a dar maior segurança ao comércio e à Vila do Recife.


Para garantir o abastecimento de carne nas Vilas litorâneas, procurou reativar as estradas do Recife ao Sertão, subindo os vales do Capibaribe e do Ipojuca, que haviam sido abertas em 1738 (Mello, 1966). Estas estradas eram da maior importância para manter uma comunicação regular entre o litoral açucareiro e o Sertão pecuarista, e para garantir a presença pernambucana nas Comarcas do Sertão e do São Francisco. Na realidade, embora se diga que o Bispo mandou abrir uma estrada de 300 léguas para aproximaro Sertão do Litoral, essa estrada já existia, mas como estava mal conservada, ele tratou de mandar "verificar e exainar as comodidades para as boiadas: distãncias, os pousos e a água (Nogueira, 1985). A importância das estradas era essencial, uma vez que por elas caminhavam boiadas com centenas de cabeças, tangidas por tangerinos que levavam meses desde a fazenda até os pontos de abate.Nessas estradas existiam locais para pouso do gado durante longos períodos, a fim de que descansasse e readquirisse o peso perdido durante a longa caminhada (Andrade, 1986).*(extraído de "Pernambuco Imortal-Personagens-Brasil 500 anos, Nº 4- páginas 56/57, do Jornal do Commercio-2000").

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