Dentre os vários "Ajudante-de-caminhão" que existiam no Brejo da Madre de Deus e em todo o Interior de Pernambuco e do Nordeste, isto nas décadas de 50/60 do Século passado, função que consistia que o tal "ajudante" todas as vezes que o caminhão onde ele era empregado pelo dono ou motorista condutor, fose subir carregado uma ladeira íngrime, o dito "ajudante" seguia a pé junto com um cêpo de madeira de forma triangular e com um cabo curto, para no caso do motor do caminhão não suportar ser colocado o referido cêpo de imediato nos dois pneus traseiros, sustentando-se assim o veículo para nova investida.
Na cidade do Brejo acima aludida, havia um desses "Ajudante" que sofria de distúrbios mentais, mas trabalhava como um "cão danado" e dispunha de muita força f´sica. Era conhecido simplesmente pela alcunha de "Báu" e havia até quem o chamasse de "Báu doido".
Certa vez foi preso na cidade de Caruaru e até torturado pela Polícia de então, sob a condição de revelar onde se encontrava um criminoso de morte, que era dono do caminhão que "Báu" estava descarregando para ganhar o seu sustento. É que o proprietário do veículo mencionado após haver praticado um homicídio no "Baixo Meretrício" mandou que "Báu" fizesse o descarrego do caminhão num armazém situado no lugar chamado "Sertanejo" adjacente ao centro da cidade de Caruaru, e fugira para evitar a prisão em flagrante. "Báu" foi que "pagou o pato" sem sab er do que havia acontecido. Negou até não poder mais falar. Apanhava da Polícia para dizer mas não dizia, e não dizia porque não sabia mesmo de nada. Já era meio desmantelado do juízo e aí é que ficou pior. Foi posto em liberdade, por haver a Polícia sabido depois que ele era inocente e doente mental.
Quem quisesse aperreá-lo, xingá-lo, era somente chamá-lo por um apelido que os "moleques de rua" da época hvia posto, isto é, chamá-lo de "Cristo Rei".
Um dia qualquer, maldosamente, sem que um outro doente mental soubesse ou entendesse, um "moleque" da sociedade local mandou que ele chamasse "Báu" pelo referido apelido, dizendo que ele gostava de ser assim chamado, o dito doente chegando perto dele perguntou: " Cristo-Rei, tudo bom?" E "Báu" sem titubear disse: "Cristo-Rei é você seu cabra safado."
E seguida enrolaram-se numa briga feia e foi um "Deus nos acuda" para apartar um do outro.
Quando o Sr. Napoleão Nogueira, de saudosa memória, assumiu o cargo de Prefeito do Brejo da Madre de Deus, procurou melhorar entre outras coisas, o aspecto das praças da cidade, e a Praça Pedro Guenes, chamada antigamente de "Parque" ou de "Palanque", necessitava de algumas melhorias, e uma delas obrigava ao Prefeito mandar cortar um pé de azeitoneiras, cuja árvores era de grande porte. Propôs o Prefeito Napoleão Nogueira a "Báu" a tarefa do corte. O desejo do Prefeito era ajudar a um pobre que inclusive vinha lhe pedindo trabalho para que pudesse comprar um par de alpercata(alpargata). O Prefeito lhe ofereceu a soma de 4$000 (quatro mil réis) para cortar a fronsosa árvore. "Báu" ao ouvir a proposta de pagamento, respondeu e perguntou imediatamente na presença de muitas pessoas:
"O senhor está pensando que eu sou doido, é?".
E o Prefeito enfatizou:
"Não, Báu. É que só vale isto mesmo."
Amigos do Prefeito Napoleão Nogueira que presenciaram ao diálogo, confabularam com ele e disseram que 4$000 (quatro mil réis) era pouco, que ele desse 10$000 (dez mil réis), pois assim, "Báu" compraria a alpercata e ainda sobraria um pouco para alimentação. O Prefeito Napoleão era um homem dotado de espírito caritativo e bom, dianteb de tal apelo voltando-se para "Báu" dissera:
"Báu, vou lhe dar dez cruzeiros, mas comece logo a cortar a árvore, certo?
E "Báu" também respondeu imediatamente:
"Olhe, seu Prefeito, para me roubar eu tô acordado.
Inda agora o senhor me dava quatro mil réis
e agora só quer dá dez cruzeiros, porque?"
Depois de muitas explicações, "Báu" resolveu cortar a machado a árvore por 8$000 (Oito mil réis). Ele achava que 8 era mais do que 10.
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