quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"...DE TODOS OS DIABOS" CONTRA O PADRE


A briga com o Vigário



No período de 1842 até 1888, o Padre Pedro Marinho Falcão (2º), esteve como Vigário ("Colado") do Brejo da Madre de deus, tendo sido portanto, o recordista como Pastor de Almas à frente da Freguesia de São José do Brejo, servindo durante 46 longos anos como Vigário.

Era um Padre virtuoso segundo as informações advindas de gerações passadas, cultíssimo, tendo inclusive ensinado francês e latim a muitos brejenses daquela época, dentre estes, a Francisco Alves Cavalcanti Camboim, que falava esses idiomas tão bem que quando Dom Pedro II esteve no Recife em 1859, falou com o Imperador em francês, tendo o mesmo Monarca ficado pasmo em encontrar um homem do Intwerior falando línguas, e foi esse mesmo Imperador que anos depois o agraciou com o título nobre de Barão de Buíque, pelo Decreto de 17 de maio de 1871.


O Padre Pedro Marinho Falcão (2º) era pois, muito conceituado, quer como Vigário, quer por sua condição de Professor e intelectual. O Paadre Falcão como era chamado, assistia religiosamente à várias localidades, sendo chamado até para outras jurisdições eclesiásticas, na falta dos respectivos Vigários.

Era o Padre Pedro Marinho Falcão senhor de indiscutível condição econômico-financeira, e por essa razão, emprestava dinheiro a juros, muitas vezes considerados exorbitantes, o que lhe ocasionava, vez por outra, sérios aborrecimentos.


Certa vez um cidadão de nome Cláudio Leôncio Ferreira da Costa, vulgarmente conhecido pela alcunha de "CADU", avô este, do Sr. José Ferreira Nanã, de saudosa memória, necessitando de dinheiro resolveu tomar emprestado ao dito Sacerdote a quantia de 500$000 (quinhentos mil réis) avultada importância na época. O Padre Pedro Marinho Falcão prontificou-se a conceder o empréstimo, embora a juros elevados e com a garantia de um avalista de reconhecida condição financeira.

Então Cadu conseguiu que o fazendeiro de nome Pedro Costa de Figueiredo avalizasse a dita soma, o que foi plenamente aceito pelo Padre Falcão.


Decorrido muito tempo do prazo estabelecido para o pagamento, sem que Cadu houvesse saldado a dívida, nem mesmo pago os juros, eis que em determinado dia, o Vigário manda chamar o avalista e lhe relata a situação existente. O avalista discordara da atitude do Padre Pedro, inclusive rescusando-se a pagar os juros, uma vez que havia garantido apenas os 500$000(quinhentos mil réis), e que está pronto a pagar, mas já que o Padre Pedro não lhe comunicara nada quando da primeira falta ao compromisso, não se responsabilaria por tal. O Padre Pedro por sua vez não aceitou a proposta e a questão foi parar na Justiça, resultando na vitória do Padre Pedro, pois o avalista que também era Pedro, não só pagou o dinheiro devido, como ainda as custas da Ação processual, juros e honorários advocatícios.

Dessa situação, motivada com a posição tomada pelo Padre Pedro, gerou-se ferrenha inimizade entre ele e Pedro Costa Figueiredo. A intriga foi tão grande proporção que se pensou em algo mais desagradável pudesse acontecer entre ambos, pois o avalista perdedor da questão estava revoltado por que soubera depois que havia sido o próprio Padre Pedro que indicara o seu nome ao Cadu. Resolveu então, Pedro Costa, demonstrar publicamente o seu repúdio e ódio ao Padre Pedro, indo ao Cartório de Registro Civil (Cartório da época, não sei se com esse título) para mudar de nome, pois não queria mais ter o nome idêntico ao do Padre e apresentou um requerimento (segundo diziam os mais antigos que sabia dessa história pelos ancestrais) pedindo para assinar-se pelo seguinte nome:


"GONÇALO ACIOLY CRU TIÚBA DE TODOS OS DIABOS"

A razão da mudança do nome já dissemos mas a origem do novo nome foi baseado nos seguintes motivos: GONÇALO ACIOLY era o nome de seu Avô paterno, que segundo ele Pedro Costa Figueiredo, era um homem valente e de palavra. O nome CRU era pa demonstrar que era duro e sem compaixão para com os seus inimigos. TIÚBA era uma bebida doce, saborosa, mas que embriagava facilmente; e DE TODOS OS DIABOS para mostar o antagonismo existente entre ele e o Padre, pois sendo um Ministro de Deus o outro seria dos Diabos, pois no seu entender, só assim poderia vingar-se da atitude considerada mesquinha do seu xará e Vigário do Brejo da Madre de Deus, ambos chamado PEDRO.


Por volta de 1889, já bastnte velho moria o Padre Pedro Marinho Falcão (2º), engasgado com uma fatia de doce que o asfixiou, sem que pudesse receber socorros médicos, coisa difícil naquela época no Interior de Pernambuco.

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