Quando da inauguração da energia elétrica na cidade do Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, prestigiando o acontecimento, circulou um JORNAL impresso na então Tipografia São Sebastião, localizada na hoje cidade de Belo Jardim, datado de 1º de fevereiro de 1927, trazendo um artigo sob o título de A LUZ, com um editorial à primeira página intitulado "FIAT LUX", e dizia:
"Na grande obra da Criação do Mundo Universo, entrou nos Planos da Sabedoria Divina a formação da LUZ, sem a qual impossível seria a vida. Na existência dos povos há uma noção de conforto que é a simptomalogia de uma civilização e de seus descortinos. Uma idéia clara e precisa de focalizar as coisas para serem melhormente observadas, uma ânsia febril de prolongar o dia, utilizando a noite para a vida pública ou doméstica. À primeira vista se nos afigura um egoismo reprensível, uma ambição violenta que reduz o homem a um ser mecânico para infinitar produção e capitalização sistemática, como os Americanos do Norte. Entre nós porém, a iluminação noturno faz-se tão precisa como a Lua que enche de poesia as noites do Sertão com a diferença que esta desaparece periodicamente, para que os entes noctivagos descansem e durmam na paz das coisas naturais na expressão junqueiriana.
A luz que hoje ilumina a legendária cidade do Brejo, remoçando-lhe a existência, bordando de lantejoulas aurifulgentes as franças de suas palmeiras, a verdura de suas cercanias, é o mesmo Fiat Lux do Criador, que se materializa e se compõe no bronze de suas usinas, nos nervos de aço de suas redes metálicas, é paródia respitosa das mais que milenária cosmogonia mosaica. O Brejo precisa da luz para progredir e desenvolver-se e não caducar jamais no marasmo da ignorância, esquecido além daquelas serras. O culto do progresso é da sagrada cartilha do patriotismo que todos nós aprendemos no Santuário da Escola, onde há de certo uma luz mais intensa e mais brilhante que a luz elétrica, que dos fogos fátuos, que a cintilação das estrelas e o fulgor de milhões de sóis--- as coruscâncias inosfuscáveis das 25 lertras do Alfabeto.
Quando um dia se emancipar a inteligência e a liberdade de pensamento foi um sinal agigantado de nossa esplêndida maturidade intelectual, todos pensando como o Sr. Pedro Guenes, empregando capitais, inteligência e trabalho em proveito comum, com refluxo e utilidade própria. Dir-se-á que isso foi um lance temerário, uma loucura, mas quem nunca foi temerário não tem nas veias o sangue puro dos fortes e sim do pus, a peçonha dos habituaram às heranças eventuais, às comidas do funcionalismo parcimonioso e esquivo ao cumprimento do dever.
Este, porém, é um benemérito de sua terra e por isso merece o nosso aplauso sincero e espontâneo, o regozijo do filho que é a sua Pátria engrandecida e melhorada.
Pernambuco sorri ao despontar de nova aurora aos seus destinos, ao ver cruzarem-se harmoniosamente as iniciativas particulares e as realizações grandiosas que advirão de sua nova e promissora gestão política.
Sorri ao divisar os novos horizontes que se desenham em o congraçamento elevado e patente dos desejos de governados e governante é uma garantia para o seu futuro. Não há dúvida.
A profusão do Ensino Primário, a educação metódica da infância e todas as verdadeiras realizações serão um padrão de glórias, um florão a mais na Crôa do ilustre estadista que nesta hora domina e governa Pernambuco.
Belo Jardim, em 1º de fevereiro de 1927
Padre Jefferson Diniz"
Obs.- Foi constituída uma Comissão Especial para angariar recursos financeiros para cobrir as despesas com a Festa de inauguração da energia elétrica pública e domiciliar, tendo o Sr. Agnelo Campos ofertado a quantia de 20$000 (vinte mil réis) que deveria ser trocada em moedas e destinadas à distribuição com as pessoas reconhecidamente pobres da cidade.
O grupo eletrogênico (Motor de Luz) adquirido particularmente pelo Sr. Pedro Guenes para fornecimento de energia elétrica pública e domiciliar na cidade do Brejo da Madre de Deus-PE não foi comprado na Alemanha como se propagou e ainda hoje muitas pessoas dizem, mas na Inglaterra, vindo para o Recife pelo Vapor "SENATOR", da "Harrison Lins", contendo 24 volumes da marca "A.ORIEM" e divididos em 17 peças, em 5 caixas, 1 grade e 1 atado, que correspondem a um motor de 36 cavalos de força, com o respectivo gerador de gás pobre, bomba para água e todos os demais pertences. O Prefeito de então enviou Ofício a pedido do Sr.Pedro Guenes que era o contratante concessionário, ao Inspetor da Alfândega de Pernambuco, para que fosse ordenado o despacho para entrega dos materiais com os favores concedidos por Lei, o que foi deferido.
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