Na obra "CARUARU na História do Brasil e do Nordeste", publicada por João A. Lacerda, também conhecido por "Dr. Lacerda da Coletoria", às páginas 107/109, podemos constatar um relato precioso pesquisado pelo autor, sobre à Família de JOSÉ RODRIGUES DE JESUS, Fundador de Caruaru. Vejamos a transcrição:
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"FAMILIA DE JOSÉ RODRIGUES DE JESUS:
Manuel Nunes da Silva, solteiro, nasido e criado em Caruaur, já falecido, José Nunes da Silva, Ana Nunes da Silva, Maria Natalícia Nunes e Maria Nunes do Nascimento, viúva, filhos de Joaquim Alves da Silva Nunes (Quincas Nunes) e de Josefa Alves da Silva Nunes. Esses descendentes representam a terceira geração.
José Rodrigues de Jesus casou com Maria do Rosário de Jesus. Perdeu os pais com doze anos, tendo duas irmãs, uma casada com Nunes dos Bezerros que tinha uma fazenda localizada na antiga Rua Preta, provinda do espólio do pai de José Rodrigues de Jesus. A fazenda de José Rodrigues de Jesus era muito grande e tinha sua Casa Grande situada ao lado da Capela e a seguir a Senzala dos escravos. Ao que pude colher era muito alto, beirando dois metros de altura, forte, corajoso, timbre de voz forte, dinâmico. Dizem que tinha o título de MANDANTE, mas não me parece verdade isso, talvez fosse aquela a maneira dos seus escravos se expressarem por era ele quem mandava, pois não havia título de autoridade nem honorífico com esse nome. Chamavam também o Governador de "Questor". Naqueles idos o Governador era Manuel da Cunha Menezes - governou de 1774 a 1788.
José Rodrigues de Jesus morava com o cunhado juntamente com sua irmã que deveria ter nove anos. Certo dia a menina estava aprontando a mesa para o almoço quando inadvertidamente um prato contendo farinha escorregou de suas mãos e caiu no chão derramando a farinha. O cunhado que estava presente não se conteve e exprobou o procedimento da menina que caiu em prantos, inconsolável. José Rodrigues de Jesus assistira toda aquela cena. Nada disse, no dia seguinte saiu de casa com alguns de seus escravos e foi procurar um canto para construit uma casa, mesmo de madeira para abrigar a si e sua irmã. Não desejava que aquela cena se repetisse com sua irmã. Então foi instalar-se perto do rio Ipojuca nas imediações onde se encontrava a Capela como já disse acima. É preciso notar a personalidade dele já despertando aos doze anos ao tomar aquela providência a fim de não ver a sua irmãzinha sofrer. De forma que poucos dias depois foi buscar a menina para a sua casa e aí começou ele a dirigir a propriedade e negócios. A menina ficou muito feliz na sua própria casa. Com o correr do tempo construiu a Capelinha na conformidade escrita em outro capítulo e daí começou o núcleo que iria formar a futura Povoação. Por aí se pode ter uma idéia do que seria José Rodrigues. Já mocinho a sua personalidade repontava num simples episódio do prato de farinha. Tempos depois requereu licença para construir a Capela que, hoje em dia é a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Igreja essa que deveria ser a atual Matriz porque foi ela que deu lugar ao núcleo e depois Povoação, por isso era merecedora por todos os títulos dessa justiça.
Recorda-me, inda, que há alhuns anos passados o primeiro Bispo de Caruaru, Dom Paulo Hipólito de Souza Libório, grande Bispo, de uma inteligência e uma cultura muitísimo elevadas que honrou Caruaru com o seu apostolado e, sua impecável retidão, promoveu um Congresso Mariano que teve o maior êxito que granjeou a visita de celebridades de outros Estados e de Pernambuco inteiro. Esse foi realizado na Praça pública, defronte a Igreja da Conceição onde se encontra hoje a estátua de Nossa Senhora.
Ao lado da Igreja construiu-se um grande Planque de madeira para abrigar as altas aurtoridades e em frente separou-se uma grande faixa para receber o povo. As famílias levavam as suas cadeiras e a Igreja fornecia os bancos. Esta parte ficava a céu aberto. Era um auditório muito grande.
Naquela oportunidade tive a honra de receber a visita do meu grande amigo o Padre Zacarias Tavares, de saudosa memória que, em nome do Snr. Bispo vinha me convidar para fazer uma palestra sobre a Capelinha de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em face de ter ele conhecimento de que eu estava escrevendo um livro sobre Caruaru no qual constava esse capítulo. Prontifiquei-me desde logo e, no dia exato estava na tribuna reservada aos oradores desincubindo-me da minha missão.Ao final da palestra qual ressaltava a figura de José Rodrigues de Jesus e, sabendo que no grande auditório se encontrava a família do fundador da cidade fiz um apêlo aos descendentes daquela família que se levantasse para que o povo ficasse conhecendo os descendentes daquela grande figura a que tanto Caruaru devia. E assim todas aquelas pessoas parentes de José Rodrigues de Jesus levantaram-se. Nessa ocasião fiz um pedido as autoridades do Município no sentido de mandar construir a estátua de José Rodrigues de Jeus para materializar no bronze a figura daquele grande caruaruense. Muito trabalhou para isso o Padre Zacarias e ainda foi ele que inaugurou a estátua de José Rodrigues com um belo discurso assistido pelas autoridades presentes ao ato. E assim Caruaru redimir-se daquela falta fazendo justiça a uma figura de tanta importância histórica na cidade e no município." (Sic...)
NOTA: muitas pessoas de Caruaru da época da inauguração, comentam que a estátua do fundador JOSÉ RODRIGUES DE JESUS foi encomendada por determinado escultor e quando na data aprazada foram buscar a escultura e para surpresa de todos, não estava pronta, aí, como solução o escultor ofereceu uma escultura que havia concluído de outra pessoa, contendo inclusive uma mulher aos seus pés, o que foi aceito e feita solenemente a inauguração como se fosse a figura do fundador e de uma possível professora municipal de Caruaru, e assim permanece até hoje.
excelente, parabéns!
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