FRAGMENTOS DA ANTIGA HISTÓRIA DO BONITO - PE - 01

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Constante num compêndio publicado na gestão (18.12.1915 a 18.10.1919) do então Governador de Pernambuco, Dr. MANOEL Antônio Pereira BORBA, atinente aos Municípios pernambucanos existentes àquela época, inclusive o do Recife, e ainda dados diversos sobre o Estado, transcrevemos desse livro as narrações concernentes à história e fundação do Município de Bonito, neste Estado, como segue:

"História e fundação --- O território do atual(1915) Município de Bonito era, até o fim do Século 18, coberto de imensas florestas; e antes desse tempo, se compreendia na área abrangida pelo célebre Quilombo dos Palmares, de que fala a história pátria. A tradição conta que o motivo de chamar-se Bonito provém do seguinte fato: --- Alguns habitantes da margem do Ipojuca, e principalmente do Povoado São José dos Bezerros, vinham caçar na direção da Serra desse município, denominada--- dos Macacos,--- nome originário da abundância de tais animais na mesma; e um dia descendo os caçadores a serra pelo lado oriental, ao chegarem em sua encosta. descobriram um ribeiro de água muita cristalina, que sob um sombrio formado por grandes árvores, tornava o sítio muito grato e bastante pitoresco. Então um dos caçadores, talvez a quem mais encantou o quadro poético do regato límpido, que se deslisava ali, na sombra e em meio do frescor, do perfume das belezas emanadas da própria região, e nascidas do seio da própria natureza, exclamou: "que rio bonito!!!". E fatigado das excursões venatórias, todos descansaram, e moqueando a caça, comeram alguma, bebendo sequiosos da água, e depois retiraram-se.

Decorrido algum tempo depois disso, em nova caçada, um dos da comitiva perguntou qual direção que tomariam naquele dia; para o rio bonito --- respondeu outro companheiro. E as caçadas, que se sucediam, por a esses homens eram o mais belo passa-tempo, e sempre preferidas para o ---Bonito, pois que, desde logo, a abreviatura, no modo de falar, suprimiu o nome rio. Então a imensa cópia de caças de que eram fartas tais florestas, a água bôa, pura, abundante que ali jorrava à fios, terras feraces, capazes de todas as produções agrícolas, tudo foi atrativo que chamou para ali muitos desses caçadores, que ergueram no lugar habitações para residência, e eles próprios também, fazendo o povoamento, iam seduzindo parentes e conhecidos, mostrando-lhes grandes vantagens da residência em tal parte.

E data de 1796 a 1798 a fundação de Bonito. Em 1816 já havia uma grande povoação tendo talvez muito contribuído para esse desenvolvimento uma Capelinha de Nossa Senhora da Conceição (mais tarde a Matriz) quatro anos antes levantada pelos povoadores. Eis o que está no espírito dos habitantes de Bonito e como eles contam a história de seu início e de sua denominação. Foi criada Comarca pela Resolução da Presidência, em Conselho de 20 de Maio de 1833, sendo então nomeado seu primeiro Juiz de Direito o Dr. Antônio Baptista Gitirana; foi suprimida pela Lei Provincial Nº58 de 19 de Abril de 1838, que incorporou seu Termo à Comarca de Vitória de Santo Antão; a Lei Provincial Nº 65 de 12 de Abril de 1839 criou-a Vila e Paróquia, sendo então seu primeiro Vigário o Padre Manoel de Mello Falcão Menezes; a Lei Provincial Nº 86 de Maio de 1840 restaurou a Comarca; foi suprimida ainda pela Lei Provincial Nº 212 de 16 de Agosto de 1848, que transferiu a Séde para a Comarca de Caruaru, ficando o Bonito Séde de um dos dois municípios, em que foi dividida a Comarca; foi restaurada pela Lei Provincial Nº 277 de 6 de Maio de 1851, tornando-se Séde da Comarca pela de Nº 720 de 20 de Maio de 1867. Foi classificada Comarca de 1ª Entrância pelos Decretos Nºs. 687 de 1850 e 1539 de 13 de Novembro de 1872. Foi elevada à cidade pela Lei Estadual Nº 130 de 3 de Junho de 1895. De acordo com a Lei Nº52(Orgânica dos Municípios)constituiu-se Município autônomo, em 16 de Janeiro de 1893, sendo eleito seu 1º Prefeito --- Major Francisco Tibúrcio Paulino de Mello; Sub-Prefeito--- Joaquim de Barros e Silva; Conselho Municipal composto dos seguintes membros--- Mariano Fonsêca Lêdo; Capitães José Antônio de Mello,Manoel Roiz da Silva Nery, Antônio José Alves da Silva e Antônio da Cunha Brayner.

Em 19 de Dezembro de 1874 os revoltosos denominados Quebra Kilos invadiram o Bonito. Ainda é digno de mencionar-se nesse município o horroroso acontecimento do Governo Luiz do Rêgo, da grande matança dos habitantes da Serra do Rodeador, crueldades tais, que até Dom Pedro I, em seu "Manifesto aos Brasileiros" assim se expimiu: --- "Pernambucanos lembrai-vos das fogueiras do Bonito".