terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DIRETOR GERAL DOS ÍNDIOS EM PERNAMBUCO


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O Barão de Buíque, foi também Diretor Geral dos Índios da Província de Pernambuco, e como tal um defensor intransigente dos direitos dos indígenas na Província, a ponto de se indispor com certos usurpadores ricos, que desonestamente se apossaram de terras pertencentes aos índios, além de servir-se ilegal e injustamente, dos seus trabalhos na agropecuária.


Denunciando essa situação, o Barão de Buíque, conseguiu que o Presidente da Província nomeasse uma Comissão de Sindicância para verificar essa situação e emitir parecer, devendo promover a extinção de algumas Aldeias dos Índios, com as devidas cautelas, isto é, sem que essas extinções prejudicassem os índios já espoliados.


No dia 13 de março de 1873, a Comissão fez entrega do Relatório ao Presidente da Província, e no dia 4 de abril do mesmo ano, o Diário de Pernambuco fez publicar dito documento. A dita Comissão era composta dos seguintes senhores: Joaquim Gonçalves Lima, Antônio de Vasconcelos Menezes de Drumond, Manuel Buarque de Macedo.


O Barão de Buíque, Diretor-Geral dos Índios da Província de Pernambuco, foi na verdade um autêntico advogado dos direitos dos nativos, denunciando injustiças cometidas contra eles, por pessoas que tinham o dever de respeitar os silvícolas, prestando-lhes assistência religiosa, cultural e moral, além de uma condição de vida mais humana no que dez respeito à alimentação e ao trabalho por eles desempanhados mas, ao contrário, os maltratavam, solapavam as suas lavouras e terras e os escravizavam, além de cometerem vários crimes detestáveis contra suas nações incautas, matando-os, seviciando as mulheres e torturando-os para obterem vntagens ilícitas.


O Barão de Buíque, condenou e denunciou esses crimes, impedindo que a escalada continuasse e conseguiu reaver para os índios, em alguns casos, as terras invadidas por inescrupulosos aventureiros e privilegiados.


Foi o Barão de Buíque, um notável brasileiro, tanto pelos serviçod pstrióticod prestados à província de Pernambuco, como pelos seus sentimentos liberais, mesmo pertencendo ao Partido Conservador, pois, era acima de tudo muito humano e sentimental, conforme podemos concluir pela conduta e atos praticados durante os seus 88 anos de vida.


Falava fluentemente o latim e o francês, tendo conversado neste idioma em 1859 com o Imperador Pedro II quando este esteve visitando Pernambuco, em Recife.


O escritor Pereira da Costa em sua obra histórica maravilhosa, 'ANAIS PERNAMBUCANOS" no Volume 2, às folas 85, v. 86 e 87, sobre a situação dos índios na Província de Pernambuco, publica correspondência dirigida ao Governo pelo então Diretor Geral dos Índios, Francisco Alves Cavalcanto Camboim, que seria depois agraciado com o título nobre de Barão de Buíque, dizendo:


"Por Decreto Imperial Nº 426, de 24 de julho de 1846, baixou um regulamento para o serviço das missões de catequese e civilização dos índios, pelo qual foi criado um lugar de Diretor Geral dos Índios na Província, e parciais em cada uma das aldeias, e mandado que as suas aldeias, e mandado que as suas terras fossem convenientemente demarcadas.


Em 1853 os índios da Aldeia do Brejo dos Padres, em Pajeú, reclamaram providências contra a mais tirana opressão em que viviam desde muitos anos; que as suas terras serviam de patrimônio do Diretor e seus parentes, que eram obrigados a trabalhar um dia na semana nas suas plantações, presos em troncos por qualquer capricho dos mesmos, e outros abusos de que eram vítimas.


Oficiando o Diretor Geral dos Índios, José Pedro Veloso da Silveira, ao Presidente da Província em 27 de dezembro de 1859, dizia o seguinte:


"Quando tomei conta das aldeias estavam os índios dispersos, e os prticulares de posse de quase todos as suas terras; tratei então de reunir os índios, prpús diretores para as aldeias, pedi autorização para demarcá-las e reivindicar os terrenos usurpados, e nada obtive. Os patriotas que têm fábricas de açúcar nas terras das aldeias da Escada e Barreiros, em em torno delas, levaram por diante suas ambições."


Em Ofício de 6 de fevereiro de 1870 dizia o Diretor Francisco Alves Cavalcanti Camboim:


" Os índios são naturalmente inclinados ao furto, a crápulo e à preguiça: são particularmente afeiçoados à caça à pesca; seu caráter é dócil e ao mesmo tempo guerreiro, e relacionam-se com os povoados mais próximos às suas aldeias. Dizem que para o alto sertão ainda existem tribos selvagens."


Em 15 de novembro do mesmo ano escrevia o referido Diretor:


"Em geral, os índios são inclinados à embriaguez, ao furto e à devassidão; a preguiça os domina; a pesca e a caça são a sua habitual ocupação, têm gênio belicoso e são valentes, o que prova qua ainda se ressentem de selvageria. Eles são suscetíveis de educação e ensino. Perdem-se bons artistas, bons músicos, etc. Parecia conveniente que em cada aldeia houvesse uma cadeira de instrução primária.


O índio que sabe ler é muito diferente do analfabeto. Afinal, os índios podiam achar-se em outro estado se não fossem tratados com tanto indiferentismo. Os diretores aproveitam-se da sua ignorância para os empregar em seus serviços, ou deixam de tomar por eles interesse. Não há um sistema de arrecadação regular de suas rendas; é feito pelos diretores que lhes dão o destino que lhes parece. Entretanto morrem os índios à míngua sem socorro algum do seu diretor!


Enfim, dizia o mesmo funcionario em ofício de 25 de outubro de 1871:


" Hoje há uma cruzada levantada contra as aldeias, e tudo pela liberdade de suas terras, que desafiam a cobiça dos que habitam em suas imediações. Em outras tempos, quando havia mais terras incultas, e as estações corriam mais regulares, não se levantavam os clamores que ora se levantam contra esses infelizes, cujos maus instintos são devidos ao abandono em que têm jazido. Não há um sacerdote encarregado de sua educação moral e religiosa; não há um mestre que lhes ensine as primeiras letras: o que se quer de homens verdadeiramente selvagens?"


E Pereira da Costa, depois de tão bela defesa feita pelo então Diretor Geral dos Índios da Província de Pernambuco, o então Coronel da Guarda Naional e depois Barão de Buíque, Francisco Alves Cavalcanti Camboim, finaliza dizendo:


"Venceram, enfim, os potentados algozes do pobre índio; e desfechara o último golpe, o golpe mortal, umAviso do Ministério de Agricultura, Comércio e Obras Públicas, que baixou em 27 de março de 1872, mandando extinguir os aldeiamentos existentes em Pernambuco, demorando-se, entretanto a sua execução, de modo a ter começo no próximo futuro exercício financeiro do Império."

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