sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

UM POEMA À SURDEZ DE ALÍPIO MAGALHÃES

Alípio Magalhães da Silva Porto-"Sinhôzinho"


Quando exercia o cargo de Juiz de Direito na Comarca do Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, o Dr. Cícero de Arroxelas Galvão, conheceu de perto a figura do antigo e íntegro ex-Prefeito e farmacêutico Alípio Magalhães da Silva Porto, conhecido por "Sinhôzinho", que era proprietário da então "Pharmácia Porto", não mais existentes. Tendo sido promovido o Dr. Cícero para a Comarca de Pesqueira, lá escreveu um Poema que o fez publicar no Jornal A VOZ DE PESQUEIRA, edição de 3 de julho de 1954, há precisamente 55 anos atrás, dirigido "ao espírito estóico de Alípio Magalhães", que era portador de uma surdez quase total, que para o autor do Poema intitulado "TRAGÉDIA HUMANA", era uma tragédia dentro de sua própria tragédia psíquica. Eis o Poema:



"Há nele uma tragédia, entanto, bravo e arguto,

O olhar a riste lança à terra e à humanidade,

E indômito e viril, e atlético e impoluto,

Reage interiormente à fera atrocidade...


Quer viver, quer sorrir, mas sua alma de luto

Faz deter-lhe o prazer da ebrifestividade,

Mas hercúleo e potente, o dedo aos céus, hirsuto,

Ainda aponta a dizer: cante em mim, mocidade!


Os tímpanos, porém, isócronos, lhe ecoam,

As doces sensações de vida e esboroam

E a trágica surdez lhe amordaça a ilusão...


Mas como o grego heróico e bravo e estóico e altivo,

Embora que a sentir-se a essa surdez cativo,

Ele brada, feroz--- PULSA MAIS, CORAÇÃO!"

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