sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O PADRE DISCURSA PERANTE O IMPERADOR
















Clique sobre as fotos para ampliar


Conta-nos o Professor Gaspar Regueira Costa, através da sua Selecta Escolar, cuja 4ª Edição data de 1921, que um dos brados abolicionistas mais importantes no Brasil, ocorreu no púlpito da igreja do Carmo, no Rio de Janeiro, no dia 7 de Setembro de 1857, estando presente o Imperador do Brasil e a Corte, brado este efetuado pelo pernambucano Monsenhor Joaquim Pinto de Campos, homem honrado e bastante conhecido na América do Sul e Europa. O fato aconteceu quando se comemorava mais um aniversário da Independência do Brasil, num soleníssimo Te-Deum que a Sociedade Ypiranga fez celebrar, tendo aquele Sacerdote como que fulminando a escravidão, pronunciado as seguintes palavras:



"E se ainda ontem um punhado de aventureiros desalmados conspirava contra a liberdade dessa tribo infeliz que estanceia nas regiões africanas; hoje a grande maioria dos brasileiros, dos homens de coração elevado, vendo irradiar em sua vanguarda a Corôa Imperial, trabalham, se esforçam e se associam no pensamento generoso de lavar gradualmente nas águas do Ipiranga, o límpido Jordão da América, as tristes manchas da condição sujeita. Esta idéia, que por si vale um grande progresso na moralidade dos costumes nacionais, é a mais ortodoxa, a mais humanitária que podia brotar na terra da Cruz".


E concluiu o Monsenhor Joaquim Pinto de Campos:


Não conheço, senhores, meio mais digno de solenisar o aniversário da Independência do Brasil, do que derramar os influxos da liberdade sobre esses filhos da maldição que ainda conspurcam a nossa sociedade! Eu admiro, eu louvo do íntimo da alma, essa magnífica expressão do patriotismo mais puro, da caridade mais sublime que jamais luziram do seio das civilizações mais célebres da antiguidade!"


Foi assim, este brado abolicionista, uma das mais corajosas declarações que se podia fazer diante do Imperador e toda a Corte do Brasil, um ato de patriotismo puro e um grito em favor dos oprimidos e relegados pelos poderosos como se animais irracionais fossem, e não criaturas humanas com o mesmo deveres e direitos. O brado de liberdade desse Sacerdote virtuoso ressonou até o dia 31 de maio de 1888, quando veio a Lei Áurea abolindo a escravatura negra em nosso País.

Nenhum comentário:

Postar um comentário