Cônego Antônio Duarte Cavalcanti, foi Pároco em Brejo da Madre de Deus - PE
No fim do ano de 1965 fizemos uma série de entrevistas históricas que foram publicadas no Suplemento do Interior, do Jornal do Commercio da Cidade do Recife, sob "PERSONALIDADES DO BREJO".
A segunda entrevista foi com o Cônego Antônio Duarte Cavalcanti, então Pároco no Brejo da Madre de Deus, pois a primeira entrevista fizemos com Alípio Magalhães da Silva Porto, conhecido por "Sinhôzinho", que tem Capítulo especial no 1º Volume da História do Brejo da Madre de Deus.
Vejamos a entrevista:
"PERSONALIDADES DO BREJO
2ª de uma série de entrevistas
por Newton Thaumaturgo.
Continuando o nosso trabalho de entrevistas com pessoas de destaque neste Município, hoje temos como entrevistado a figura do Cônego Antônio Duarte Cavalcanti, atual Vigário da Freguesia (ou Pároco), que embora não sendo filho do Brejo da Madre de Deus, já prestou e continua a prestar, inetimáveis serviços à nossa terra, nos mais variados setores. Vamos pois, com as perguntas e respostas:
P--- Cônego Duarte, onde nasceu, em que data e qual a sua filiação?
R--- Nascí na cidade de Paudalho, neste Estado, no dia 26 de abril de 1904, sendo filho legítimo de José Duarte Cavalcanti e Petronila Duarte Cavalcanti.
P--- Em que ano iniciou os seus estudos e onde?
R--- No ano de 1911 iniciei meus estudos primários numa Escola Mista dirigida pela Professora Maria Florinda do Rosário, conhecida por "Pixica", na cidade de Paudalho, e com a idade de 12 anos ingressei no Seminário de Olinda, tendo estudado em Natal, João Pessoa, e feito o curso Teológico no Seminário Provincial de São Paulo e fui ordenado Sacerdote na cidade de Pesqueira, no dia 6 de abril de 1930, pelo saudoso Bispo Dom José de Oliveira Lopes.
P--- Quais as Paróquias onde esteve durante todo esse tempo de sacerdócio.
R--- Minha primeira Paróquia foi Pesqueira, onde serví de Coadjutor do Padre Câmara, hoje Monsenhor Alfredo de Arruda Câmara, Deputado Federal por Pernambuco. Com a morte do Bispo Dom José Lopes, o seu sucessor, Dom Adalberto Sobral fez minha nomeação para Floresta do Navio, isto em 1930, tendo permanecido ali 4 anos como Vigário. Em seguida fui Vigário Provisionado de Custódia, até o ano de 1945. Logo após fui convidado pelo mesmo Bispo, a fim de construir o Seminário Menor de São José em Pesqueira. Finda a construção e ficando o Seminário em estado de funcionamento, segui para São Luiz do Maranhão, como Secretário Particular de Dom Adalberto, já com o titulo de Cônego. Lá reconstruí o Palácio Arquipiscopal na Capital maranhense.
Em 1949 fui designado Pároco do Brejo da Madre de Deus, pelo então Bispo da Diocese de Pesqueira, Dom Adelmo Machado, atual Arcebispo de Maceió, Alagoas.
P--- Cônego Duarte, qual foi a sua primeira obra social aqui no Brejo da Madre de Deus?
R--- Fundei em fevereiro de 1956, a ESCOLA PAROQUIAL SÃO JOSÉ, com matrócula inicial de 80 alunos, composta por crianças pobres, de ambos os sexos, dando-lhes toda a assistência possível, dentro e fora de minhas possibilidades. Depois construí o atual Salão Paroquial, onde procuro instruir a mocidade na arte dramática e orfeônica, ultimamente, há 3 anos passados, fundei a Escola de Corte e Costura Nossa Senhora de Fátima, na qual inúmeras moças do meio rural, principalmente, receberam os seus diplomas, ficando aptas a desempenhar suas funções, e consequentemente ter um melhor nível de vida.
Existemoutros meios de assistência, como: educação religioso para adultos e semi-analfabetos?
R--- Sim. Tenho uma boa máquina projetora, bem assim uma quantidade regular de diafilmes educativos, com os quais faço exibições explicativas, atinentes aos problemas de saúde pública, catequese, assuntos pátrios, etc. Mantenho ainda em funcionamento um Serviço de Difusão, cobrindo toda a cidade, isto em convênio coma Secretaria de Saúde do Estado, graças a boa vontade do Dr. Álvaro Vieira atual Secretário.
P--- Qual o maior prazer que já teve?
R--- Isto aconteceu no dia 7 de abril de 1930, quando ordenado Sacerdote no dia anterior, celebrei pela primeira vez o Santo Sacrifício da Messa, pois sentí, naquele dia que de fato era um "Alter Vir", isto é: um outro homem.
P---Que diz em referência ao Brejo?
R--- Terra de gente simples e boa, na qual a maioria dos habitantes é católica, valendo salientar que, neste rincão abençoado, jamais medrou qualquer seita. Haja visto não existir uma só igreja de outras religiões. Noto, porém, e com tristeza, que um dos entraves do seu soerguimento tem sido a desunião dentre seus próprios filhos, quando se realciona ao setor de política patidária.
P--- Quantos e quais seus irmãos?
R--- Vivos são 5: Inês, hoje Madre Duarte, pertecendo à Congregação de Santa Dorotéia, atualmente em Alagoa Grande; Maria do Carmo que comigo convive desde sua infância; Luiz Duarte, Maestro e Pintor, e Maria das Dores casada e residente em Recife.
P--- Cônego Duarte qual a razão da frase latina que se nota no jipe da Paróquia:"Tibi honor Episcope"?
R--- Uma homenagem que presto à Dom Severino Mariano de Aguiar, meu atual Bispo, por ter sido ele quem ofertou o veículo, que muito tem servido os meus trabalhos paroquiais. Daí assim, demonstração patente da minha gratidão para com o meu querido Bispo(tradução livre:"Ás honras ao senhor Bispo".
P--- Cônego Duarte, finalizando, gostaria de saber qual ao seu ver, as obras públicas mais necessárias ao Brejo presentemente?
R--- Newton, observo a necessidade de um Ginásio onde nele a macidade possa atirar para longe o câncer do analfabetismo. Em segundo plano, vejo a necessidade de canalização d'água para assim seja sanado um dos problemas vitais; em terceiro plano, a real concretização da estrada que liga Brejo à Fazenda Nova."
Eis aí, o relato de uma figura das mais humanas e inteligentes que conhecemos em todo a nossa vida. Era poliglota, musicista, eletricista, compositor de hinos religiosos, e muitas outras atvidades culturais. Foi um benfeitor no Brejo da Madre de Deus-PE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário