quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A BRIGA DE TURURI & CUNCUM


RICHAS POLÍTICAS MUNICIPAIS






Na década de 1920 quando prevalecia o uso da força política pela violência, abertamente financiada pelo poder econômico dos "Coronéis", Panelas já habituada a esse estilo, pois, tanto é assim, que havia assistido as mortes bárbaras do Coronel Joaquim Fernandes da Costa, emboscado covardemente em pleno exercício do cargo de Prefeito do Município, isto no ano de 1897, e do Coronel João Rufino de Mello e Silva no dia 7 de novembro de 1906. Várias outras ocorrências oriundas de rixas políticas aconteceram e em meio destas, verificou-se a briga entre TURURI e CUNCUM. O então jovem Aristides Pereira Torres Galindo, era apelidado por TURURI, sendo filho de Claudino Pereira Torres Galindo, a quem todo o que lhe conhecia em Panelas chamava-o por "CAPITU".

Os integrantes da família de Capitulino Torres Galindo-CAPITU, eram cognominados por nomes interessantes, cujos apelidos relacionavam-se às aves nordestinas conhecidas, a saber:

RAPAZES: Tururi, Tetéu e Anum;

MULHERES: Andorinha, Bentevi, Rouxinol("Chinol"), e Jaçanã. (esta genitora do ex-Delegado Regional de Polícia de Caruaru-PE, Dr. Severino Torres Galindo, de saudosa memória.)

Sendo Chefes Políticos nessa época em Panelas, os "Coronéis" Jião balbino de Lucena e José Rufino da Sila Mello ("Coronel Melinho"), poderosos detentores do poder econômico local, e estando com as rédeas da situação oficial, o Coronel Melinho passou a não gostar do comportamento político do jovem Aristides Pereira Torres Galindo-TURURI por haver observado que o mesmo era simpatizante da ala do Coronel João Balbino de Lucena, de quem era ferrenho adversário e inimigo pessoal. Isso foi o bastante para que TURURI sofresse as primeiras pressões do Chefe político da situação. Havia nessa época um grupo formado por oito homens tidos como "VALENTES", que constituiam a famosa "GUARDA PESSOAL" do Coronel Melinho, sendo o "Comandante" desse serviço de segurança o "cabra" cognomonado por "CUNCUM", a quem todos temiam por ser afeito à hediondos crimes.

Ocorreu que o Coronel José Rufino da Silva Mello, determinou a "Cuncum" que desarmar-se TURURI na primeira oportunidade, pois sendo ele partidário do Coronel João balbino de Lucena, não podia gozar desse "privilégio". Dito e feito.

Numa segunda-feira, às 3 horas da tarde de setembro de 1920, defronte a então casa comercial do Sr. Luiz Andrade, onde na época existia uma enorma pedra, TURURI foi violentamente interpelado por "CUNCUM", que tentou desarmá-lo. TURURI reagiu incontinenti e entraram em luta corporal, passando posteriormente a usarem afiados e longos punhais. TURURI demonstrava coragem e muita destreza na luta contra o temido "Chefe" do grupo que formava a aludida "Guarda". Aconteceu que, em dado momento ouviram quatro estampidos de arma de fogo, que quase atingiram a pessoa de 'CUNCUM", que resolveu correr da briga. Dizem que quem deu os tiros fôra Juvêncio Pedro de Lucena, que apoiando TURURI estava prestando solidariedade ao seu familiar Coronel João Balbino de Lucena. Esses tiros foram deflagrados por rifle de calibre 44.
Ficando TURURI sozinho no local da confusão e tendo o Coronel Melinho sido cientificado da ocorrência, dirigindo-se para perto, encontrou o Soldado Massilon, pedindo ao mesmo que tomasse as providências, dizendo-lhe:

"VOCÊ NÃO ESTÁ VENDO ISTO AÍ?

VÁ, TOME A ARMA DELE E PRENDA-O. VAMOS!.

O Soldado perpelexo e amedrontado, apenas limitou-se a dizer:

"EU NÃO QUERO MORRER NÃO, SENHOR".

E retirou-se apressadamente. No outro dia foi recolhido ao Batalhão.

Tempo depois, 'CUNCUM" foi assassinado por Manoel Fagundes, filho de Pedro Fagundes da Silva, que residia no Sítio Brejo de João Alves, no Município de Panelas, e tendo ficado sem comando, os demais "cabras" fugiram dali, com exceção de um a quem chamavam por "CALISTO".

Tempo depois, TURURI já idoso passou a residir na cidade de Caruaru onde gozou do melhor conceito, tendo prestado bons serviços no Setor de Fiscalização e Cobrança de Tributos da Prefeitura da Capital do Agreste. Foi pai do inesquecível Vereador caruaaruense Gilberto Torres Galindo, que inclusive presidiu a Câmara Municipal de caruaru e foi várias vezes reeleito Vereador por Caruaru, e ainda pai do Servidor da Fundação de Saúde Amaury de Medeiros-FUSAM, Elifas Torres Galindo.

Panelas foi palco de muitas coisas curiosas no âmbito da política partidária no passado, e uma delas foi a de um dos Chefes Polpiticos (Prefeito) indagado pelo então Governador do Estado, se o mesma desejava que a rede ferroviária passasse pelo Município para influenciar os eleitores no pleito que se aproximava, ele mandou dizer ao Governador:

"Não Excelência, prefiro que V. Exa. arranje-me mais soldados para reforço do Destacamento de Polícia."

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