No jornal CIDADE DO RECIFE, então existente na década de 50 do Século passado, na edição de segunda-feira, 26 de abril de 1954, escrivia Hisbelo:
"BILHETE AO BREJO
Estamos de novo na luta. De nada adiantam velhos processos da ditadura. A Imprensa é livre e ninguém é escravo. Por isto estamos de volta.
Quatro assuntos tocam de perto a nossa terra, tão decantada por nós que a amamos e tão negada por cafagestes que aí só aparecem para pedir votos. às vezes nem dão as caras; mandam prepostos de fora para fazerem força por eles. Ou então, pagam com empregos a um e a outro para que lhes sobrem alguns votos nas eleições. Mas esses empregos, dados a dois ou três cabos eleitorais, certamente não garantirão, na minha terra, a certos candidatozinhos, a honra de uma centena de votos. O povo do Brejo da Madre de deus está alerta e os embrulhães da marca de Elpídio Branco tomem tento. A coisa mudou, mudou tarde, mas já mudou...".
E continuou Hisbelo:
"É interessante ver-se a falta de compostura de certos representantes do povo. Que patriotismo ou que bairrismo poderá falar alto nos corações desses energúmenos e descarados estranhos quando apresentam na A.L.E. projetos para raptarem do Brejo da Madre de Deus mais terras do que lhe roubaram?
Jataúba, Fazenda Nova, Mandaçaia, São Domingos poderão, daqui há poucos anos, tornarem-se independentes, constituírem-se em Municípios sem a interferência desses pára-quedistas ou maus filhos da nossa terra, que negam o seu berço.
Onde nasceram Fábio Corrêa, Tabosa de Almeida, Emídio Cavalcanti, Elpídio Branco, Miguel Mendonça?
No Brejo da Madre de Deus? Mentira.~
São estranhos à nossa terra, aos nossos sofrimentos, à nossa desgraça, às nossas crises, ao nosso regresso. Quando disse, na residência do chefe político da UDN - Abílio Telmo da Tocha Barros - na presença do Jornalista Paulo Mattos e do ilustre médico Dr. José Carlos de Santana, que a minha terra estava regredindo, tinha razões sobradas. Terra sem estradas, sem pequenas indústrias, sem um metro quadrado de calçamento, sem uma ponte na entrada da cidade para quem vai de Fazenda Nova à sede da Comarca; terra sem destino certo, com um Grupo Escolar, novinho em folha, mas sem poder funcionar por falta de tudo, servindo, a atual e miseravelmente, para caça de alguns votos em favor de um candidato que nunca conseguiu eleger-se, apesar de ser o Chico Pança de tantas batalhas eleitorais...".
E continua Hisbelo Campos:
"Na ocasião necessária, preenchidas as exigências da Lei, Jataúba e Fazenda Nova deixarão de pertencer àquela velha cidade, que é mãe de Garanhuns, Belo Jardim e de muitas outras cidades, inclusive da Comarca de São Francisco, que nos foi tomada pela Bahia (vejam o artigo de José do Patrocínio --- Jornal do Commercio de 16.04.54 - pág. "Bilhete do Interior").
Diz bem Zé do Patrocínio que dei ao Brejo tudo que podia a um homem dar pela terra. Mas o Zé vive dando mais do que eu: a inteligência e o seu esforço pela terra que também é sua.
Quanto à estrada, levo ao conhecimento do meu amigo e confrade: nada foi ainda conseguido. As promessas de Pontes Vieira não foram cumpridas totalmente, mas Geminiano Campos e Alípio Magalhães vão dar uma catucadela na memória do caruaruense que também quer tirar "sua lasquinha" no nosso Brejo... Ô gente descarada, heim, Zé?
Outro assunto é sobre a produção agrícola da minha terra.
O feijão está a dois mil réis, o milho é quase de graça, mas os rios não deixam chegar ao Brejo a não ser urubus. Urubus-aves e urubus-candidatos à caça de votos. Urubus candidatos, que de tão peitudos nessas eras ansiosas etc., atravessam os rios com água na boca...
Podem babarem-se, mas do Brejo está de porteirinha fechada com seu Dudu e o major Abílio. Quem quiser informações sobre tudo isto, consulte José do Patrocínio e Paulo Mattos. Até pra semana."
Assim, Hisbelo Campos se dirigia ao povo do Brejo, sua terra adorada, que não soube atender aos seus reclamos políticos, que redundariam em benefício da próprio Brejo da Madre de Deus.
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