Transcrição de uma carta que me enviu o amigo Nelson Barbalho:
"Recife, 3.8.80
Amigo Newton -
Acabo de ler, no DP, sua oportuna carta acerca do Meu Povinho de Caruaru e do CEHM. Quanto às palavras escritas a meu respeito, aqui me apresso a lhe dar o meu muito obrigado. Sua carta serve inclusive como boa publicidade sobre o livrinho, que deverá ser lançado no próximo sábado, na FAFICA. Espero que v. esteja lá.
"Recife, 3.8.80
Amigo Newton -
Acabo de ler, no DP, sua oportuna carta acerca do Meu Povinho de Caruaru e do CEHM. Quanto às palavras escritas a meu respeito, aqui me apresso a lhe dar o meu muito obrigado. Sua carta serve inclusive como boa publicidade sobre o livrinho, que deverá ser lançado no próximo sábado, na FAFICA. Espero que v. esteja lá.
Quanto ao CEHM, sua opinião é valiosa e precisa. Desconfio que o maior mal do CEHM é falta de dinheiro. A instituição, apesar de vinculada à FIAM, não dispõe de um tostão para publicar coisa alguma. Toda 5ª feira a gente se reúne lá, conversa, conversa-- e tudo não ássa disso. Planos, há muitos. E realizações? Quase nenhuma. Delgado é excelente, mas vive de braços atados, por falta de verba. A revista do CEHM já está com quase dois anos de atraso. Parou no 3º número e o 4º, cuja matéria já teria sido composta nas oficinas gráficas da CEPE, até hoje não deu as caras. Deve ser falta de gaita ou de crédito. Por tudo isso foi que resolvi editar meus livros por conta própria, tentando vendê-los seja diretamente a instituições diversas de Caruaru (Casa da Cultura, Fafica, etc.), seja ao público através das livrarias. Até agora, graças a Deus, vou-me dando bem com a coisa, tanto que já editei Caruaru do Meu Tempo e Meu Povinho de Caruaru, estando no prelo o Baú de Sovina, cujo lançamento talvez ocorra aí na Câmara Municipal, tudo a depender de Elias Soares, com quem já falei, no mês passado, e estou à espera de sua resposta. Por favor, dig a ele que vá ao lançamento do Meu Povinho, no próximo sábado, às 9 da noite, no auditório da Fafica.
Voltando ao CEHM: sabe o qure precisa, com urgância, para o seu funcionamento? Que um deputado estadual o considere órgão de utilidade pública e lhe destine verba própria (sem vinculação à FIAM), com o fim específico de publicar a revista e todos os livros dos historiadores municipais de Pernambuco. Enquanto não houver isso, o CEHM será entidade fracassada, como o está sendo agora, somente.
Bem, a convsersa vai longa e já devo ter enchido o seu saco. Sábado na Fafica conversaremos mais.
Um forte abraço do velho admirador e amigo, NELSON BARBALHO."
OUTRO COMENTÁRIO CORAJOSO DE NELSON BARBALHO:
Há justamente 30 anos passados, mais precisamente no dia 8 de março de 1979, o Escritor NELSON BARBALHO escrevia uma crônica no Diário de Pernambuco, na coluna "Cartas à Redação" com o título "HISTÓRIA MUNICIPAL".
Nessa matéria o famoso escritor lamentava a falta de apoio dos órgãos governamentais e mesmo os não governamentais, aos pesquisadores da História Local em Pernambuco que sem percepção de qualquer recompensa financeira, sempre foram verdadeiros voluntários, fazendo tudo por amor à terra onde nasceram ou viveram algum tempo.
E Nelson Barbalho em certa parte da sua crônica, afirma:
" Aqui e ali, sabe Deus com que esforço, é que vão surgindo alguns abnegados pesquisadores interioranos---José de Almeida Maciel, em Pesqueira; Adalberto Paiva, em São Beto do Una; Alfredo Leite Cavalcanti, em Garanhuns; Alberto Frederico Lins, em Gravatá; Luís Wilson, em Serra Talhada; Valença Júnior, em Quipapá; Ruy Belo, em Barreiros; Antônio Vilaça, em Limoeiro; João Callado, em Lagoa dos Gatos; Van Hoevan, em Jaboatão; Newton Thaumaturgo, em Panelas; José Aragão, na Vitória de Santo Antão; e mais uns poucos--- os quais dão ou deram sua contribuição pessoal, praticamente sem apoio e a compreensão oficiais das autoridades de seus respectivos municípios. Ha mesmo quem tache esses verdadeiros heróis da historiagrafia municipal de Pernambuco de "doidos". Na verdade, doido não é quem se dedica à pesquisa histórica e, sim, quem não conhece o seu passado."
Nessa relação de pesquisadores e historiadores municipais, o autor da crônica, no caso o próprio Nelson Barbalho, por modéstia e humildade talvez, omitiu o seu nome, pois na verdade também podemos dizer que ele foi o "PAPA" historiografia municipal, tendo com muito sacrifício conseguido publicar dezemos de livros sobre Caruaru, o Sertão e Agreste de Pernambuco. Livros que hoje são lidos por muitos estudantes, quer sejam do Ensino Fundamental, quer sejam Universitários. Nelson Barbalho se imortalizou involuntariamente, pelo seu desprendimento. Merece aplausos mesmo "Post-mortem".
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