DISCURSO PROFERIDO PELO DR. ROLDÃO JOAQUIM DOS SANTOS NA ENTREGA DO TÍTULO DE CIDADÃO DE AGRESTINA EM 16 DE DEZEMBRO DE 2005:
"Somos contemporâneos do tempo! Embora reconheçamos a dificuldade em conceituar, em dizer o que é o tempo. Sabemos que ele agasalhou os sonhos dos nossos antepassados, alimenta as ilusões dos que estão, aqui, vivendo o momento atual; ele também acalentará os sonhos, os planos e as ilusões das gerações do porvir. Por isso, minhas senhoras, meus senhores, diletos Vereadores, não parece exagerando emprestar ao tempo a noção quase empoeirada, do mistério?
Todos nós sentimos passar o tempo, apesar de sua imaterialidade, da fluidez de seu objeto e da dificuldade de seu enunciado como já assinalava o Jurista Gaúcho Almiro de Couto e Silva.
Santo Agostinho, o bispo de Ipona, o Doutor da Igreja, o inspirador da Filosofia Patrística, insinuava que "o tempo veio do futuro, que ainda não existe, entrou no presente que não tem nenhuma duração e foi para o passado que tinha deixado de existir". O tempo, pois, está no ontem, no hoje, como estará no amanhã.
Abraço essas lições de Santo Agostinho para relembrar a história de nossa carinhosa Agrestina, e exaltar seus filhos beneméritos que, no passado realizaram o grande feito de transformar uma pequena fazenda nesta querida cidade que hoje me outorga o título de cidadão. De uma fonte que saciava criaturas humanas e animais sedentos, nasceu o povoado de Bebedouro que depois se transformou em Agrestina, município sede de Barra do Chata, Barra do Jardim, Pé de Serra dos Mendes, Santa Tereza e seus arredores (de nomes tão familiares) como Perneiras, Capivara, Riacho do Peixe, Sapucaia, Ibiruçu, Umbuzeiro e outros nomes charmosos. Nosso tempo nasceu desse passado que, embora fisicamente não mais seja, é inspirador da nossa existência. Se não reflitamos: quem de nós pode festejar a estimada Agrestina, a saudosa Bebedouro sem lembrar as figuras memoráveis de nossos ancestrais como Pe. Júlio Cabral - 1º Sacerdote, Vereador Delmiro Ferraz de Azevedo- 1º Presidente desta Casa, Américo de Oliveira Costa- 1º Prefeito de Bebedouro, além dos nomes veneráveis de Abel Guilherme. Elias Libânio, Juca Alves, Pimentel, Eretiano, Sebastião Grande, Joaquim Santana, Zé Matias, Seu Mateus, Pedro Guilherme de Alcântara, Pulchério, Lauro Tenório, entre outros, na medida em que cada um, à sua maneira e dentro de suas limitações contribuiu na construção da história de nosso município que hoje me faz, por adoção, seu filho e conterrâneo.
Agrestina sempre alimentou meus sonhos de infância. Criança, nascida e criada no alto da Serra de Belo Monte, em São Joaquim do Monte aprendi a olhar, longinquamente, a torre da Igreja ou o reflexo da luz de Bebedouro. Ainda hoje recordo a indescritível alegria de conhecer Agrestina, vindo de São Joaquim do Monte na garupa do "cavalo rudado" de meu saudoso pai. Acompanhei, com ansiedade meu pai--- Joaquim Pedro--- pegar o cavalo no cercado, colocar a sela, forrar a garupa e com ele marchar para esta maravilhosa cidade. Até o gosto pelo café da manhã foi afogado pelo prazer de conhecer a cidade, cuja iluminação clareava os céus da minha infância. Pelas mãos paternas subi os degraus da Igreja e fiz minhas preces da gruta de Nossa Senhora do Desterro, conheci Elias Libânio e Juca Alves.
A feira muito grande, cavalos bonitos, selados ou com suas cangalhas cobertas de lona, o Padre, o Prefeito, os amigos do meu pai, tudo guardado, carinhosamente, na alma da criança que fui e que ainda não morreu, dentro de mim.
Daí, já crescido e montando sozinho o cavalo, frequentei as feiras, as festas, a casa de Juca Alves e vi, deslumbrado, o sobrado de Seu Abel, o Cartório de Elias, o escritório de Lauro Tenório, a imponência da Igreja dominando o ambiente... as moças bonitas, os jovens garbosos, a construção de sonhos...
A Casa do Leão" na rua do Cemitério, o mercado de farinha, o açougue... e meu pai falava com todos e parecia a todos conhecer. As histórias de Juca Alves, na sua Farmácia, medicando a população carente e, nas horas vagas, falando dos romances famosos, a exemplo do Conde de Monte Cristo, os Três Mosqueteiros, o Guarani, Brás Cubas e outros que a memória não relembra.
Com certeza Agrestina foi sempre --- e continua sendo --- o Santuário dos meus sonhos... e, não faz mal repetir o poeta: "sofremos pelos sonhos e curamo-nos pelos sonhos".
Nada mais agradável do que ver Betinho jogando futebol, Fernando aplicando injeção, Lauro Tenório falando sobre a Justiça e Elias Libânio pontificando em seu Cartório ou na sua Cooperativa: e o sábio, santo e justo, Pedro Guilherme de Alcântara que ofereceu a casa que lhe serviu de berço para sediar o Colégio Santo Antônio transformado no educandário da juventude.
Pois bem, minhas Senhoras e meus Senhores não é que todas essas emoções foram despertadas pela iniciativa do filho de Nô Lelé, que nós conhecemos como Heleno da Farmácia, o Vereador Presidente que, conspirando com o formidável conterrâneo Newton Thaumaturgo, apresentou, a esta Casa, um Projeto de Resolução que, aprovado pelos Senhores Vereadores, fez-me cidadão dessa tão querida, estimada e saudosa Agrestina? Agrestina da Torre Garbosa da Igreja, da Gruta de Nossa Senhora do Desterro, a Pátria de Abel Guilherme, Sinval Ribeiro e da saudosa Dona Edileuza, professora de várias gerações.
Vossa Excelência, Senhor Presidente Heleno Rodrigues, despertou em mim as emoções mais belas que remontam à infância, à juventude a um passado cheio de poesia e de lembranças carinhosas.
Mas, Senhor Presidente, sei um pouco de sua história, desde seus ancestrais. Quando seu avô Manoel Rodrigues--- o Lelé construiu um Rancho na frente do Cemitério, já anunciava sua vocação de servir, abrigando, modestamente, os feirantes e viajores que descançavam de suas longas viagens. O filho de Alfredo Rodrigues Figueiredo --- o Nô Lelé --- e de Quitéria Cavalvanti de Vasconcelos é o nosso estimado Heleno da Farmácia. O seu avô aliviava o cansaço dos viajantes oferecendo-lhe repouso no Rancho da Rua do Cemitério e Heleno, seguindo a vocação de servir, diminui o sofrimento do povo, oferecendo-lhe o medicamento para aliviar as dores dos enfermos. Mas, Heleno, você é um homem abençoado. Deus lhe concedeu a graça de ter como companheira inseparável e esposa dedicada, Dona Maria do Carmo a vinha fecunda que encheu o seu lar de (sete) filhos abençoados e, como consequência, 12 netos alegres e cheios de graça.
Obrigado, Heleno, pela sua iniciativa. Hoje posso repetir com mais ardor --- São Joaquim é minha pátria de nascimento e Agrestina é a pátria do meu coração.
Desejo estender os meus agradecimetos aos demais Vereadores que compunham a Legislatura passada, ao lado de Heleno e os que estão aqui nesta solenidade.
A Márcio Pimentel, descendente de família tradicional e histórica que Agrestina reverencia e respeita, subscreveu o Projeto de Resolução que me homenageia. O saudoso Pimentel foi sempre vigilante e seu nome será continuado pelo seu filho que se dedica ao serviço do povo. Para mim seu voto é qualitativo e me engrandece.
Maria Edinete Luiz da Silva, Vereadora que também subscreveu a concessão do meu honroso Título. Enquanto representante da mulher agrestinense, dedica-se à saúde municipal no benefício de sua população.
Paulo Lira --- pecuarista, autêntico representante do Sítio Sapucaia, comunidade que representou para mim o consentimento da comunidade rural do município.
Paulo Fernado Lima, representante da briosa PM. Foi sua atuação como policial que o consagrou como representante do povo nesta Casa, foi o seu apoio que aprovou, para mim este título memorável.
Maria Jadeilda dos Santos --- Tabeliã de Agrestina. Sua dedicação como serventuária da Justiça estendeu-se à Câmara de Vereadores e detinguiu-me na concessão da nova cidadania.
Francisco Amâncio, agricultor do Sítio Ibiruçu. Foi lavrando a terra abençoada que aprendeu a ganhar a vida e, nesta Casa Legislativa, representando seu povo, fez-me cidadão e seu conterrâneo.
Luiz Marcelo Carvalho Santos --- comerciante, cultor e divulgador de nossos produtos agrícolas --- fumo, matéria prima de cigarros e charutos. Nesta Casa apoiou Heleno na iniciativa de fazer-me Agrestinense.
Estendo minha gratidão imorredoura à Sheila Maria Dionízio Marinho, nossa Vice-Presidente da Câmara, a destacada filha de Biu de Tereza, comerciante e defensora da família desse município florescente que me honrou com o seu voto.
Severino Romão, bravo companheiro de lutas em favor da comunidade. Lá no Sítio Capivara exerce sua atividade, sem lhe faltar tempo para a liderança da oposição nesta Casa.
José Pedro da Silva, conhecido, carinhosamente como Zito da Barra, denota sua fidelidade às origens e o senso de gratidão ao seu povo e aos seus correligionários, como líder da situação. Obrigado Zito!
João Alves da Silva Neto, o querido e fiel Vereador João Barrão que sempre me devotou lealdade e sincera amizade. Os sofrimentos e as injustiças não o revoltaram, pelo contrário, moldaram em João Barrão, o homem leal, destemido e bom. Seu voto, meu querido João, guarda sabor da lealdade.
Quero saudar, ainda o Vereador Marcos Antônio de Oliveira, natural da Vila de Barra do Jardim. Serve à sua população como funcionário do INSS e com sua feliz atuação nesta Casa. Com sua visão ampla, ainda faz o curso de Direito para dilatar as fronteiras do saber.
Sinval Feliciano Monteiro, Vereador que representa a laboriosa classe dos motoristas e ainda segue a orientação de Leonita serventuária da Justiça, dedico-lhe reverência.
João José Cardoso, Vereador que vincula, com proficiência, os labores da agricultura aos misteres evangélicos no pastoreio do Reino de Cristo. Minha reverência ao Pastor Vereador.
Lá do Riacho do Peixe vem compor esta Casa o Gercino Alves Quinzinho, lavrador da terra abençoada que nos fornece o sustento com prodigalidade. Do íntimo do meu emocionado coração revelo minha eterna gratidão pelo apoio de Vossa Excelência à iniciativa carinhosa do Senhor Presidente, Heleno Rodrigues da Silva.
Estamos chegando ao final de nosso discurso, jamais ao final de nosso agradecimento. Permitam-me repetir a honra insígne de ser, por esta Casa, considerado Cidadão de Agrestina, da terra de Delmiro Ferraz de Azevedo 1º Presidente desta Câmara, do 1º Prefeito Américo de Oliveira Costa, de Abel Guilherme, de Elias Libânio, de Juca Alves e de tantos outros nomes sacrossantos do nosso município que fizeram a nossa história. Como se não bastasse a lembrança de homens tão ilustres, registro. com emoção, as lembranças do Professor Pedro Guilherme de Alcântara, que desta terra foi Prefeito por 4 (quatro) anos mas a ela se dedicou até à morte, com seu Colégio Santo Antônio, sua fé inabalável no Evangelho e na difusão do Reino de Deus entre os homens. Professor Pedro, de tal modo se dedicou à esta terra que trouxe, para compor as páginas de sua história, a inteligência brilhante do Professor Pedro Ivo Bedor Sampaio, autor da letra e da música do Hino do Colégio Santo Antônio. Ele foi um dos enviados de Ruy Barbosa: "Só há uma glória verdadeiramente digna deste nome, é ser bom" e Professor Pedro Guilherme o foi.
Em seu nome e em sua memória quero saudar o Prefeito Josué Mendes e sua esposa Dona Graça, o seu Vice-Prefeito Antônio Marciano, aos Prefeitos e ex-Prefeitos e Vereadores e ex-Vereadores que aqui se encontram, honrando-me com sua presença. Devo agradecer a todos os Prefeitos e ex-Prefeitos, Vereadores e ex-Veradores na pessoa deste valente e humilde Prefeito de São Joaquim do Monte, José Lino, por nós chamados carinhosamente de Zé Birro.
Aos companheiros do Tribunal de Contas de Pernambuco que deixaram a confraternização anual daquela Corte para nos prestigiar neste momento histórico e memorável.
Aos amigos, daqui e de outros municípios, que se deslocaram para esta Casa no dia em que a Câmara de Vereadores concede-me o Título de Cidadão, meu reconhecimento.
Desejo abraçar a todos, no reconhecimento que devoto a minha família, na pessoa de minha companheira de todos os momentos, minha esposa querida Dalva Menezes dos Santos. Destaco um agradecimento especial à prsença de Benito Ribeiro, filho inesquecível de Elias Libânio e irmão do ilustre Desembargador Benildes Ribeiro que elevou, bem alto, o nome desta cidade. Ao Agente Fiscal, Prefeito, e Vereador Benito, o meu abraço.
São Paulo na sua primeira Carta aos Coríntios nos ensinou o caminho da paz e da fraternidade. O ABC da Bíblia, da "Editora Paulus" transformou essas fecundas palavras em uma poesia memorável. Dedico aos meus novos conterâneos, aos meus amigos daqui e de fora, à minha família e à minha esposa, essa encantadora poesia, como forma pura e sincera de manifestar o meu amor e o meu reconhecimento:
"Eu posso falar a língua dos homens e até dos anjos, mas senão tiver amor, o que eu falo será como o barulho do gongo ou o som do sino.
Posso ter o dom de anunciar mensagens inspiradas, ter todo conhecimento, entender todos os segredos e ter toda a fé necessária para tirar a montanha de seus lugares, mas se não tiver amor, eu nada serei.
Posso dar tudo o que tenho e até entregar meu corpo para ser queimado, mas se eu não tiver amor, isso não me adianta nada.
O amor é paciente e bondoso, o amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso.
O amor não se alegra com o mal dos outros, e sim com a verdade.
O amor nunca desamina, mas suporta tudo com fé, esperança e paciência.
Agora permanecem a fé, a esperança e o amor.
Porém o maior deste é o amor."
Em nome do amor, com amor e pelo amor eu agradeço a todos, pela concessão dessa Comenda, pela presença carinhosa e desejo a todos que o perfume interminável do amor, ilumine o Natal e o Ano Novo de nossas famílias. ROLDÃO JOAQUIM DOS SANTOS.
Nota: tão somente para esclarecer, Roldão no seu discurso me tratou como conterâneo, o que muito me honraria, no entanto como não nasci em São Joaquim do Monte, terra de minha mãe, mas em Recife onde meus pais residiram por algum tempo na década de 30 do Século pretérito, pois nasci no dia 30 de agosto de 1937, todavia tanto a minha avó materna como minha mãe que faleceu com a idade de 95 anos, diziam que um senhor chamado "Cazuzinha" era primo legítimo de minha avó, que salve engano os meus avós ou bisavós eram irmãos dos avós ou bisavós de Roldão Joaquim dos Santos. Logo estou mais para parente do que para conterâneo, mas o importante é que somos amigos. Newton Thaumaturgo- Caruaru-PE
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