No ano de 1947 o então Governador de Pernambuco, Dr. Otávio Correia de Araújo, nomeou Prefeito de Quipapá o Sr. Gustavo Luigi, que permaneceu até o ano de 1948. Contava àquela data com 46 anos de idade, pois Gustavo Luigi nascera no dia 27 de novembro de 1901. Disse-nos o citado cidadão que encontrou a situação financeira da Prefeitura de Quipapá em estado de miséria: muitos "vales" e em espécie apenas "dois cruzados".
Gustavo Luigi morava anteriormente com os seus pais na povoação de Queimadas, adjacente a hoje cidade de Jurema, ambas na época jurisdicionadas ao Município de Quipapá. O pai de Gustavo Luigi era o italiano Francesco Luigi Lasalvia, napolitano, e sua mãe Laurinda Vieira da Silva, nascida em São Luiz de Quitunde, nas Alagoas, sendo filha de portugueses. Contou-nos Gustavo Luigi que em Queimadas (ex-Santo Antônio das Queimadas) os seus pais católicos fervorosos mandavam celebrar Missa pelos Vigários de Canhotinho, que os hospedavam em sua casa, recordando bem o Padre José Cabral, de quem o então famoso Advogado e Jornalista Pedro Afonso de Medeiros (falecido em Palmares onde residia) era auxiliar nos ofícios religiosos realizados.
Como Prefeito nomeado, Gustavo Luigi organizou as finanças municipais, melhorou a rede de ensino primário, promoveu festas religiosas, notadamente apoiando as festas de Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião, no entanto, não lhe foi possível fazer algo mais, face ao pequeno espaço de tempo em que esteve à frente do Governo Municipal e os parcos recursos financeiros. Deu prova de bom administrador e tanto é assim que exerceu outros cargos públicos como Delegado de Polícia e Gerente da Cooperativa entre outros.
O primeirto veículo motorizado (automóvel) chegado à Quipapá por uma pessoa ali residente, foi de Gustavo Luigi, no ano de 1926, comprado na firma Oscar Amorim pela importância de 8.200$000 (oito contos e duzentos mil réis) e o motorista tinha o apelido de "Fon-Fon", originado do som emitido pela buzina do carro, que era um Ford V-8, que ficou sendo conhecido por "Ford de Bigode", por causa do pára-choque em forma de um bigode.
Quando Gustavo Luigi foi comprar esse carro no Recife quem o trouxe foi um seu amigo de nome Veloso, que além da idade bastante avançada, não sabia passar marcha à ré, tendo levado três dias para chegar do Recife a Quipapá, pois apareceu na viagem um defeito no motor do carro e por mais que se usasse a manivela (a chamada "manicaca") não funcionava e ainda por cima o Veloso havia tomado uma estrada errada que dava acesso a Usina Tiúma. A felicidade foi que Gustavo Luigi encontrou um mecânico que entendia do assunto, o que não era fácil àquela época e consertou o veículo, que finalmente três dias depois da saída do Recife, chegava às 10 horas do dia 25 de agosto de 1926. Quipapá ficou em festa com a chegada do seu primeiro automóvel e a maioria da população não mais dormiu a noite toda para saber detalhes.
Mas o carro foi o pior negócio que Gustavo Luigi havia feito, pois, tentando aprender a dirigir passou por muitos perigos e depois aconteceu uma capotada, o que o desgostou, tendo enviado para Panelas a fim de consertá-lo e vendê-lo por qualquer preço. Foi aí que o Major Nicolau Cordeiro, pai de Epaminondas Cordeiro de Mendonça que tinha uma pequena fábrica de bebidas em Quipapá, se dispôs a comprar o Ford-V-8 de Gustavo Luigi que o vendeu ao Major mencionado por UM CONTO DE RÉIS, assim mesmo fiado, isto é, em dois pagamentos de 500$000 (Quinhentos mil réis) para trinta e sessenta dias. O carro quando novo havia custado em Oscar Amorim a soma de 8.200$000 (Oito contos e duzentos mil réis) e ele Gustavo já havia gasto muito com o dito automóvel. Foi um péssimo negócio para o primeiro comprador, no entanto, estava compensado em ter sido ele o primeiro dono de automóvel em Quipapá.
Gustavo Luigi nos anos de 1918 e 1919 (nasceu no ano de 1901) foi empregado em Bebedouro (hoje Agrestina), trabalhando como "Caixeiro" na Padaria e Mercearia de dona Emília Pinheiro de Barros. Em Setembro de 1979 quando estivemos fazendo esta matéria, ele tinha seus filhos formados (Médico e Professoras) e administrava seus bens e vivia satisfeito.
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