sexta-feira, 11 de maio de 2012

A MORTE DO PADRE HENRIQUE EM RECIFE



"Terça-feira, 27 de maio de 1969. Clareava o dia quando um corpo foi encontrado na margem da Avenida Professor Gomes Freire, na Cidade Universitária. Não havia documento de identidade. O corpo tinha uma perfuração provocada por tiro ao lado esquerdo da cabeça. No pescoço, uma corda. Os braços estavam amarrados. Ferimentos provocados por arma branca, faca, na garganta. No torax, braços e abdômem, marcas de espancamento. Claramente, aquele homem, que aparentava pouca idade, havia sido torturado.

       O Diretor do Departamento de Investigações da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, Bartomeu Gibson, declarou no dia 28:

      "Na manhã de ontem foi encontrado numa das projetadas ruas que ladeiam a Cidade Universitária, no acostamento da pista, o cadáver de um desconhecido de cor morena, trajando esportivamente, mais tarde identificado como sendo o PADRE ANTÔNIO HENRIQUE PEREIRA, do clero pernambucano, Professor de Sociologia e Psicólogo do Juvenato Dom Vital. Tinha 28 anos e morava na Rua Padre Antônio Fernandes, 109, Cordeiro."

       O DIÁRIO DE PERNAMBUCO informava:

      " A polícia encontrou junto do cadáver um salto de sapato usado, um toco de vela medindo cerca de 10 centímetros, uma faca de mesa, dois projéteis calibre 38, além de várias marcas de pneumáticos. A pasta que o padre conduzia desapareceu. No local em que o corpo foi encontrado, nos exames procedido no cadáver e através de depoimentos das pessoas ouvidas pelas autoridades, nenhuma pista concreta foi oferecida que possa contribuir para esclarecer o crime"

      A esse balão de ensaio do "misterioso" crime, a polícia iria acrescentar nos dias seguintes, muitas versões, inúmeras suspeitas, procurando distanciar todas de um mesmo motivo político para o crime. Mas a cada história com que procurava confundir a opinião pública sobre o que havia acontecido, maior era a reação nacional e internacional da Igreja Católica. Apesar dos rigores da DITADURA, era impossível impedir que uma instituição tão poderosa se fizesse ouvir."

       OS MATADORES DO PADRE HENRIQUE:

       Nunca pareceu haver dúvida de que foi mais de um assassino - incorreram na pena de excomunhão, de acordo com o Cânon 2343 do Código de Direito Canônico, que fala sobre a punição:"Quem violentamente tratar a pessoa de clérigo ou religioso, de um ou outro sexo, cai em "ipso-facto", na excomunhão reservada ao próprio bispo, que, se o caso exigir, deve ainda castigá-lo com outras penas, segundo seu prudente arbítrio." 

(extraído de encarte do Diário de Pernambuco sob o título:"Crimes que abalaram Pernambuco", edição do dia 30 de Julho de 2001).    




     

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