terça-feira, 10 de julho de 2012

ANTÔNIO FERNANDES DE MATOS- E OS PADRES DA CONGREGAÇÃO DE SÃO FELIPE NERI


      "Pouco tempo depois de ter feito despesa avaliada em 22 mil cruzados com a construção do FORTE DA MADRE DE DEUS e São Pedro e de estar a despender mais de 30 mil com as obras da Igreja e Colégio de Nossa Senhora do Ó--- sem incluir os 12 mil cruzados por quanto comprou o direito de ser sepultado na Capela-Mor da Igreja--- Antônio  Fernandes de Matos veio a fazer nova doação de 12 mil cruzados aos Padres da Congregação de São Felipe Neri do Recife.

      O Padre Congregado Inácio da Silva, autor, ao que parece, de uma "Notícia que dão os Padres da Congregação desde sua erecção", escrita em 1757, refere que o Padre João Duarte do Sacramento fundou em 1662 um recolhimento para padres seculares na Ermida de Santo Amaro da Água Fria, situada nas proximidades de Olinda. Estabeleceram alí, ele e um companheiro, o Padre João Rodrigues Vitória, uma Congregação religiosa, para a qual obtiveram em 1671 aprovação da Santa Sé, que a subordinou à regra de São Felipe Neri.

      Para essa fundação do Convento de Santo Amaro concorreram diversos moradores, entre os quais o Licenciado Domingos Monteiro de Oliveira, sogro de Antônio Fernandes de Matos.

     Tranferido de fato para o Recife o centro econômico e político da Capitania--- apesar das constantes determinações régias em contrário e da ação da Câmara de Olinda--- os Congregados perceberam que a sua permanência na Ermida de Santo Amaro os mantinha afastados do maior núcleo de população da Capitania, onde a sua atividade sacerdotal se fazia mais necessária. Diz aquela "Notícia" que o Padre Sacramento "com parecer do Bispo e Governador que então erão de Pernambuco", impetrou licença da referida Câmara para fundação de um "hospício" no Recife, a qual, "Vencidas algumas dificuldades, lhe foy concedida", fixando ela em doze sujeitos" a capacidade da nova casa e determinando que a igreja que viessem a construir não deveria ter porta para a rua."

     Não é apontada pelos historiadores a época das construções do Hospício e da Igreja da Madre de Deus, que tal foi a invocação que teve a casa dos Congregados no Recife. O Padre Sacramento, fundador e Prepósito da Congregação, em carta escrita em 5 de agosto de 1680 ao Príncipe Regente de Portugal, refere que já pedira a Vossa Alteza quizesse tomar debaixo da sua proteção Real aquella Congregação, dando-lhe licença para fazer Igreja e caza na praça do Recife, por ficar aquella em Santo Amaro em hum retiro muy distante... e já tinhão dado princípio com licença da Câmara a título de Hospício e suposto tinhão já Igreja feita, ainda que limitada e alguns agazalhos , não tinhão comtudo porta aberta, por esperarem que Vossa Alteza lhes faça a mercê de mandar se abra, sem impedimento, sendo Vossa Alteza seu Padroeiro."  
(Texto transcrito das páginas 46/47 da obra "Um Mascate e o Recife", José Antônio Gonsalves de Mello) 
         

  








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