sexta-feira, 23 de agosto de 2013

1858- CÂMARA DO BREJO DA MADRE DE DEUS-PE DIRIGE CORRESPONDÊNCIA AO PRESIDENTE DA PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO


      "Livro de Registro de Correspondências Recebidas e Expedidas da Câmara Municipal da Villa do Brejo, com Termo de Abertura datado de 9 de Fevereiro de 1857, e assignado por Frederico Cordeiro de Carvalho Mergulhão:


          "Illmo. Snr.:



         He do nosso rigoroso dever, levar ao conhecimento de Vª. Exª. as necessidades mais salientes do Município, a fim de que V.Exª. as leve igualmente ao conhecimento da Digníssima Assembléia Legislativo Provincial, de quem esposa esta Câmara o devido empenho, e mais pronpta providência.



        O Patrimônio desta Câmara além do que está instituído pela Lei, consta de simples prédio, que outra hora servio de Cadeia, acha-se em estado ruinoso, de forma que, não rende anualmente o que devêra render, pelo motivo indicado, e que pela falta de meios nõ pode ser reparado.



       A Cadeia desta Villa com quanto esteja plantada em hum terreno saudável, e bem construída, todavia precisa de muitos reparos entre os quais são dignos de notas a calçada em redor do ediffício, que a priva de receber aguas na estação invernosa, que pode amolecer os alicerces com o andar do tempo, e inutilizar hum ediffício que com verdade se pode chamar o melhor da Villa.



      O conserto nas leheiras, que sendo collocadas nas mesma paredes do ediffício, estão continuamente exhalando vapores mephíticos, que só contagião aos infelizes, que tem as desgraças dallí habitar, senão mesmo os habitantes da Villa, que delles participão pella ventilação do ar.



     Esta Villa, abunda de meninas, que por falta de professora, como outra hora teve, deixão de ser instruídas nos primeiros hellementos, quer de leitura, quer de escripturação, quer de aritméthica, quer de quem lhe ensina adversidade de costura, que seus pais, de todo lhe não pode prestar huma tão bem entendida e necessária instrucção pella falta de meios.



      A terrível secca, que aperta de dois anos tem soffrido, e continua a soffrer este Município a escacia de víveres de primeira necessidade, o altíssimo preçopelo que se vendeu, alguns que apparecem a summa abundancia de probresa que existem no interior, interior desta Villa; tudo annuncia huma fome hororosa, que reduzirá ao estado de morte, mesmo ainda maior do que se fosse o Cólera em o anno retrazado, He de esperar, pois  que assim como o Governo da Província, compadecido de semelhante mal que hora assola os Certões da Província do Ceará, enviou para alli embarcações carregadas de mantimentos, de melhor grado, ou fará com os seus, com os Provincianos, que apezar de sua pobreza contribuições seus pequenos contigentes para o Thesouro Nacional, V. Exª, de commum accordo com s Exmaª. Assembléia Provincial, dando huma completa expanção a phylantropia e caridade para com os miseráveis que já lutão com a indigência e mizéroa, e socorrão como bem lhes parecer. Paço da Câmara Municipal da Vila do Brejo, em Sessão Ordina´ria de 23 de Janeiro de 1858. Illmº. e Exmº. Snr. Dr. Bevenuto Augusto de Magalhães Taques- 26º. Presidente da Província de Pernambuco-(V. Fls. 156 do Livro de Correpondências Recebidas e Expedidas da Câmara do Brejo da Madre de Deus-PE 23 de Janeiro de 1858) ".    


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