quarta-feira, 9 de maio de 2012

PADRE HOSANA MATA DOM EXPEDITO EM GARANHUNS



"Um silêncio profundo se abateu sobre a cidade, que mostrava sua dor e seu luto."

" O DIÁRIO mandou a Garanhuns o repórter Ronildo Maia Leite, que registrou, assim, o sepultamento de Dom Expedito Lopes na Matriz de Santo Antônio. "Os sinos da Catedral, igrejas e capelinhas espalhadas por toda Garanhuns repicaram desde 8 até as 10:30 horas, tempo que tomoram as cerimônias exéquias, exéquias fúnebres de Dom Expedito Lopes. Depois, a cidade caiu num silêncio profundo, com aas suas principais ruas cobertas de fitas pretas e as janelas das residências apresentando cortinados de luto. 

As cerimônias fúnebres foram realizadas no Altar-Mor da Catedral, sendo a Missa exequial oficiada pelo Monsenhor José de Anchieta Callou e assistida pelo Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife e Bispos de Maceió, Caruaru, Nazaré, Bispo Coadjutor da Paraíba, Vigário Geral do Recife, além de todo o Clero garanhuense e das Paróquias subordinadas à Diocese de Garanhuns.
O hediondo crime ocorreu no dia 30 de junho de 1957.

Quem visitava Quipapá, uma pequena cidade da Xona da Mata Sul de Pernambuco, no ano de 1957, sairia com duas certezas: a primeira que a comunidade dependia inteiramente da Usina Água Branca; a segunda que todos ali eram católicos. Era tempo em que a missa era rezada em latim e o padre celebrava quase todo ritual de costas para o povo. Num certo momento, o que as pessoas costumavam chamar de "sermão", ele ficava de frente para os fiéis, geralmente comentava um trecho dos Evangelhos e retomava `mesma liturgia de todas as misas. No domingo 30 de junho de 1957, o Padre Hosana- pastor dos xatólicos da cidade há 11 anos, não fez qualquer citação do livro Sagrado. Ele comentou seu desentendimento com o Bispo Diocesano, Dom Expedito Lopes, e mostrou que estava muito zangado. Todos os católicos da cidade sabiam por quê. Ele vinha recebendo advertências do Bispo porque mantinha em sua casa uma mulher dada como empregada mas que no imaginário popular significava bem mais que isso, Antes dela, Hosana tivera toda a atenção de uma prima, Maria José, que ficou grávida e se espalhou pela cidade a versão de que o filho era do padre. Essa confusa trama passional - ao que se dizia - havia chegado aos ouvidos do Bispo, que pediu providências ao Padre. 
Hosana não tinha o temperamento dócil como se imaginava em um sacerdote. Pelo contrário, era homem de assumir posições, inclusive políticas, e por ela brigar. Com frequência, por exemplo, ele vociferava contra os que votavam em comunistas, que via como a suprema ameaça à ordem.         

(extraído do encarte do Diário de Pernambuco sob o título:"CRIMES QUE ABALARAM PERNAMBUCO"    23.07.2001)





Nenhum comentário:

Postar um comentário