quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A GUERRA DOS CABANOS EM PANELAS -3-


    A tão propalada Guerra dos Cabanos, que em Pernambuco teve o seu palco principal no Município de Panelas, alastrando-se por Alagoas, notadamente em Jacuípe, foi uma revolta inédita, face aos seus objetivos exclusivamente regressistas. Como sabemos, tendo por circunstâncias políticas, Dom Pedro I, sendo obrigado a abdicar à Corôa em favor do seu filho Dom Pedro II, e a época o sucessor de menoridade, o Império do Brasil, passou a ser dirigido por uma Regência composta de homens probos até que o novo Monarca atingisse a maioridade. Esta situação, motivou a razão pela qual vários adeptos de Dom Pedro I, organizassem movimentos revolucionários em alguns Estados (Províncias) do Brasil, a exemplo do Maranhão, Pará, Pernambuco etc., cuja insurreição objetivava o retorno do Imperador que havia abdicado forçosamente, para contornar situação políticas inadiáveis, que poderiam abalar a continuação da Monarquia no Brasil, e haver derramamento de sangue.

    Diante a efetiva participação de camponeses, escravos e índios, nesse levante, e os seus agrupamentos serem constituídos de cabanas que abrigava-os nessas moradias, foi essa rebelião de caráter regressista, denominada de CABANADA, ou GUERRA DOS CABANOS, referrindo-se aos seus participantes.

     Tudo começou após o sufocado movimento chamado de ABRILADA, no ano de 1832. Foi na verdade uma insurreição fratecida, onde a guerrilha predominou nas matas quase impenetráveis numa área de 50 léguas quadradas, tendo como ponto central a então Povoação de Panelas. A barbaridade, as lutas com requintes de selvageria, de ambos os lados, isto é, tanto dos sublevados como das forças legalistas, era patentes. Os primeiros lutavam pela volta de Dom Pedro I ao Trono, e os segundos defendiam a Regência Inperial, para salvaguardar a permanência de Dom Pedro II, quando alcançasse a idade suficiente.

     A morte de catana em punho, o ódio desenfreado, a miséria, campeavam noite e dia, dizimando gente indefesa, animais irracionais e tudo o mais que fosse notado como meio de alimentação aos conflitantes, quer fossem lavouras, quer fossem as fruteiras e fontes d'água. Perdurou isto desde o período de 1832 a 1836, porém as consequências dessa GUERRA continuaram por muitos anos após, imperando o mêdo, a doença e os efeitos psicológicos dentre os habitantes da região.

     Durante o conflito, os CABANOS passaram a se alimentar de frutas e mel silvestre, quando isto era possível, e os soldados enviados ao combate, embrenhados nas matas, ficaram entregues, muitas vezes, a própria sorte, com as fardas em precário estado, muitos descalços, esfomeados e sendo atacados constantemente pelos escravos e índios sagazes e ferozes do Jacuípe, sob a doutrinação dos líderes cabanos como Vicente de Paula Ferreira, Antônio Timóteo de Andrade, João Timóteo de Andarde, Manoel Joaquim de Barros, Anselmo Lucena e tantos outros, notadamente, os militares que fizeram estourar esse movimento, como por exemplo o Capitão-Mor Torres Galindo, que sendo de Vitória de Santo Antão, era proprietário em Bonito, e mentor intelectual e participante direto da CABANADA. Vale dizer que Torres Galindo obteve apoio de vários oficiais amigos e líderes políticos da região, que não recuaram em momento algum da Guerra, a exemplo de um Antônio Timóteo de Andrade e de Vicente de Paula Ferreira, João Timóteo de Andrade, Manoel Joaquim de Barros e familiares desses líderes, isto na Povoação de Panelas, no lugar Cafundó interior do mesmo Município, então Vila de Panelas, em Jacuípe, Alagoas, e noutras localidades.

     Vale esclarecer entre outros assuntos de maior destaque nessa terrível Guerra, que ceifou tantas vidas e causou enormes prejuízos materiais, além de impedir o desenvolvimento da região, que no chamado "ATAQUE DO FEIJÃO" deixou um horrível saldo de mais de 100 mortos, valendo dizer que nesse ataque foi morto o líder cabano MANOEL THEMÓTEO DE ANDRADE, irmão de ANTONIO THEMÓTEO DE ANDRADE, que só veio a falecer no ano de 1889, com a avançada idade de 100 anos, tendo sido a causa mórtis  anasarca, ou seja, edema generalisado, conforme Certidão de Óbito. Era ANTONIO THEMÓTEO DE ANDRADE, casado com Anna Maria da Conceição, vulgarmente chamada por "ANNA FELLIPA.   

(Extraído do livro "História de Panelas- Terra dos Cabanos", de Newton Thaumaturgo) 






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