segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"A GUERRA DE GRAVATÁ-AÇÚ" EM CUPIRA




Depoimento de um sobrevivente




Quando a cidade de Cupira era Vila, realizou a sua primeira feira livre, num domingo 15 de junho de 1896, sendo Prefeito de Panelas à qual pertencia, o então Capitão Joaquim Fernandes da Costa.


Treze anos após, foi celebrada a primeira Missa em Cupira, no dia 26 de maio de 1909, pelo Vigário de Panelas, Padre Francisco de Luna Sobrinho, isto também num dia de domingo. Foi aí que o referido Sacerdote conseguiu com as autoridades municipais e habitantes influentes da então Vila, a transferência da feira pública para a quarta-feira, em vez de aos domingos, o que permanece até hoje.

No ano de 1936, a Vila de Cupira foi palco de violentas lutas encetadas por fanáticos religiosos. Contou-nos José Martiliano de Luna, nascido no Sítio Serra Verde, hoje do Município de Cupira, Pernambuco, precisamente no dia 4 de dezembro de 1899, às 5 horas da manhã, que conheceu bastante a pessoa do líder fanático-religiso alcunhado de "PADRE CÔCO".

José Martiliano de Luna exerceu no período de 1930-1940, as funções de "Agente de Polícia", mais popularmente chamado de "Inspetor", cujo cargo não era como nunca foi, no interior, remunerado. A figura do "Inspetor de Polícia" sempre foi mal vista pela maioria dos rurícolas, embora respeitada, pois, bastava uma denúncia aos Delegados e a pessoa denunciada era presa. Era necessário proteção política e coragem para brigar e prender gente, para se conseguir esse ofício. Ainda hoje, quando se deseja tirarum gracejo sobre remuneração, diz-se:

"BOM É SER INSPETOR E SE APOSENTAR

COM O DOBRO DOS VENCIMENTOS."

A "Guerra de Gravatá-Açú" teve o seu começo no dia 23 de maio de 1936, mas tudo da sua história, foi a partir de 25 de janeiro do mesmo ano. O modesto trabalhador rural com apenas 23 anos de idade, chamado JOÃO CÍCERO AMARO, filho de Cícero Amaro da Silva, residia no Sítio Serra Verde, do 2º Distrito de Cupira, então Vila do Município de Panelas.

João Cícero Amaro adoeceu em decorrência de uma infecção não identificada e estava febricitante, quando por aquelas pairagens passou o primeiro avião. Além da febre alta, João Cícero tomou grande susto com a zuada provocada pelo aeroplano, causando assim um estado de choque, deixando-o quase louco, chegando a delirar. A genitora de João Cícero, ardorosa devota do Padre Cícero Romão Baptista, que havia falecido no Juazeiro, Ceará, e daí nota-se que o seu esposo chamava-se CÍCERO e um filho que havia de JOÃO CÍCERO, achou por bem incutir no filho insano, que ele estava com 'O ESPÍRITO DO PADIM CIÇO NO CORPO", e que deveria passar a aconselhar a todos os vizinhos que iam lhe visitar, para saber do seu estado de saúde, com as mesmas palavras que o "SANTO DO JUAZEIRO" costumava dizer:

"MEUS AMIGUINHOS, NÃO BEBA, NÃO FUME,

NÃO JOGUE, NÃO FAÇA NADA DE EXTRAVAGANTE,

QUE EU GARANTO A SUA SALVAÇÃO."

O genitor de João Cícero exercia a profissão de fogueteiro e muito católico, gostava de promover novenas, rezar terços, fazer promessas, e tinha um grande Oratório em sua casa, tendo intensificado essa prática religiosa depois de aceitar a idéia fixa do seu filho João Cícero de que estava "apoderado do espírito do Padim Ciço do Juazeiro."

Num ambiente do mais inculto na Zona Rural de 1936/1940, onde não havia sistema algum de comunicação educacional, imperando a ignorância em todos os seus aspecto, notadamente no setor religioso, JOÃO CÍCERO, já um fanático, um psicopata, apoiado pelos pais, parentes e vizinhos, passou a desempenhar o papel de um vulto quase mitológico, lendário, fascinante:PADRE CÍCERO DO JUAZEIRO. Um "Santo", um "Enviado", um "Profeta".

Pessoas incautas passaram a acreditar nas proesas e possíveis milagres desse personagem do embuste, que além de mentalmente doente, ainda era totalmente analfabeto.

Mas JOÃO CÍCERO continuou a "aconselhar" com as palavras decoradas que sua mãe havia lhe ensinado, e que o Padre Cícero do Juazeiro proferia aos romeiros, e a notícia espalhou-se por toda a região. Proprietários rurais influentes economicamente, começaram a apoiar o acontecimento, e as romarias começaram até a casa do futuro "Padre de Gravatá-Açú". Muitas fitas coloridas (ex-votos) começaram a ser postas no pescoço de JOÃO CÍCERO, sequenciadas com beijos nas mãos e toques leves no seu corpo, a espera de milagres e curas outras.

Depois, sem que fosse do conhecimento do Vigário de Lagoa dos Gatos, Padre Ignácio, levavam os auxiliares do fanático, vários adeptos, a fim de conseguirem inclusão na Irmandade do Sagrado Coração de Jesus.

A avó de JOÃO CÍCERO, era conhecida pelo apelido de "CÔCA", e por esta razão os seus seguidores passaram a chamá-lo pelo cognome de "PADRE CÔCO", pois a sua avó era "Côca", e assim ficou sendo chamado até os últimos dias. A partir dessa denominação o fanatismo ficou mais acentuado, pois o fanático começou a "CELEBRAR MISSA", a receber donativos e oferendas diveras, pelo que um senhor chamado Luiz Bernardo, foi o primeiro a denunciar essa profanação acintosa.

Em seguida o "PADRE CÔCO" exigiu aos homens que lhe seguiam, que deviam pelar a cabeça ou pelo menos ter um corte de cabelo muito baixo, pois não permitia que ninguém participasse dos "ATOS RELIGIOSOS" sem o cabelo cortado e chamado de "CABELO DE CANGOTE", naquela época.

José Martiliano, que juntamente com Baié exerciam as funções de "Inspetor de Polícia" na região de Serra Verde, pertencente a jurisdição da Vila de Cupira, 2º Distrito de Panelas, usavam certos esquemas adredemente organizados, a fim de que não ficassem "marcados" dos vizinhos, isto quando tinham que exercer atividades policiais, a exemplo de intimações, prisões, etc., e como a região era e ainda é enorme, e dividida em dois setores a eles afetos como "Inspetores", combinavam para permutarem as dilegências, atuando nas áreas trocadas. O Suplente de Comissário de Cupira era o Sr. José Semeão, enquanto o Delegado de Polícia de Panelas a quem Cupira pertencia administrativamente, era o Sargento Cleodon Barbosa Nunes.

Tendo o Inspetor José Martiliano procurado CÍCERO AMARO DA SILVA, pai do já famoso "PADRE CÔCO" a fim de que o fanatismo e a extorsão terminasse no setor de Serra Verde, este assim lhe respondeu:

"VOCE TEM OS OLHOS DO TAMANHO

DE DUAS URUPENDAS MARTINIANO,

MAS NÃO ENXERGA A DEUS."

E José Martiliano replicou:

" Se for para enxergar a Deus desse jeito eu não quero ter vista."

Face ao rápido mas acalorado diálogo mantido entre José Martiliano e o pai do "PADRE CÔCO", um amigo do Inspetor chamado José Soares, pediu até por Jesus, a José Martiliano que ele fosse embora da casa de Cícero Amaro, pois havia muita gente querendo "pegá-lo" para matar como hereje. O Inspetor de Polícia levava os fatos anormais aos conhecimento das autoridades policiais de Panelas, mas estas, recebendo orientação do Chefe Político de então, Coronel Melinho, que achou por bem para depois, por ser época de eleição.

No dia 23 de maio de 1936, os adeptos do "PADRE CÔCO" soltaram 44 foguetões fabricados pelo pai do fanático que era fogueteiro como já dissemos, isto em sua residência, local das concetrações religiosas, novenário e organização do grupo, que a esta altura estava grande. Aconteceu que alguns dos seguidores mais exaltados, logo após o espoucar dos foguetões, detonaram armas de fogo para o ar. Dois dias depois dessa ocorrência, os seguidores do "Padre" resolveram tomar pela força alguns bacamartes e rifles de proprietários que não formavam com o sistema do "religioso".

Por fim, chegou o dia "D": 28 de maio de 1936, o Sr. João Inácio, amigo e adepto do "Padre Côco", chegava à Vila de Cupira conduzindo um bacamarte para um ferreiro consertar e diante a existência de denúncia contra o mesmo prestada no dia anterior, e ainda pelo aviso dado por Zacarias Rodrigues, dizendo que "o pessoal do Padre Côco, vai invadir Cupira hoje, o Comissário João Semeão prendeu João Inácio, tomando-lhe o bacamarte que trouxera para consertar. Momentos depois chegava à Vila de Cupira os senhores João Daniel de Santana e João Bezerra da Silva, declarando ao Comissário de Polícia que tiveram os seus bacamartes tomados pelos seguidores do "Padre Côco" e dentre os que participaram do saque estava Joaquim Inácio, pai de João Inácio, este último se encontrava preso. Poucos minutos depois o Sr. Abílio Maciel que desempenhava o cargo de 2º Suplente de Comissário na Povoação de Gravatá-Açú, palco de doutrinação dos fanáticos, chegava a Cupira correndo que veio, vestindo apenas uma cueca e pedindo ajuda da Polícia, segundo Martiliano, Inspetor de Polícia que se encontrava no Comissariado.

Dr. Felismino Guedes, Juiz de Direito da Comarca de Panelas, cientificado das ocorrências absurdas que vinham se registrando em Gravatá-Açú, através de informações prestadas pelo Sargento Cleodon Barbosa Nunes, que contava com as informações de um espia chamado Macilon, resolveu pedir urgentes providências do Governo do Estado, embora tardiamente, e com alarmantes e falsas informações, além de muito exagero.

Ao enviar um telegrama ao Chefe de Polícia, o Dr. Juiz de Direito Felismino Guedes, pediu reforço policial para reprimir um levante comunista, estimado em cerca de 500 revoltosos em armas. Ocorre que no ano anterior (1935) havia rebentado em três Estados brasileiros com maior intensidade, a famigerada Intentona Comunista.

Antes porém, que qualquer medida fosse tomada pelo Governo do Estado, Destacamentos da Força Pública dos Municípios de Panelas, Altinho e Lagoa dos Gatos, deslocaram-se até a Povoação de Gravatá-Açú, onde foram recebidos a bala pelos seguidores do "Padre Côco", sob o comando deste, cujo maior reduto se encontrava no recinto da Capela de São Sebastião, Padroeiro do lugarejo.

A primeira morte aconteceu quando denunciaram à Polícia que o Inspetor Antônio Ferreira de Melo era um dos adeptos do "Padre", tendo Soldados da Polícia localizado o mesmo na casa de Antônio Soares, no Sítio Lagoa de Pedra, debaixo de uma cama. Não querendo, ou não podendo sair de imediato para ser preso, os Soldados fuzilaram-no, sem mais delonga.

Logo após o assassinato do Inspetor, os partidários do "Padre Côco" balearam o Soldado Alonso, filho do Capitão José Alvino. E o tiroteio continuava por toda a tarde do dia 28 de maio de 1936. A tarde do mesmo dia, chegava de Caruaru um reforço sob o Comando do Tenente Presciliano, composto de 25 Praças, já não encontrando resistência dos fanáticos, indo o dito Tenente para o lugar "Taboleiro" a fim de efetuar a prisão de duas mulheres para serem interrogadas. No reforço policial do Tenente Presciliano se encontrava o Soldado Capitulino, que mais tarde chegou a ser Delegado de Polícia de Cupira com a patente de Tenente da Polícia Militar de Pernambuco.

O "Padre Côco", perspicaz, conseguiu evadir-se. Depois de tomarem o reduto sob o domínio dos fanáticos, a Polícia providenciou a condução dos corpos dos mortos para Cupira, todos seguidores do "Padre", que foram os seguintes:

01- João Gomes da Silva;

02- João de Cabocla;

03- João Marcação;

04- Amaro de Júlio Delmiro;

05- João Batista Carlota.

João Batista Carlota foi morto pela Polícia dentro da Capela de Gravatá-Açú dando viva a São Sebastião, Padroeiro da localidade.

A mesma Polícia determinou ao Coveiro de Cupira daquela época, Antônio Pedro, apelidado de "Bico de Fogo", que enterrasse todos os corpos numa cova (sepultura rasa) só, o que foi feito. Juntos com os mortos de Gravatá-Açú,veio preso o Sr. Miguel Xixi.

No dia seguinte, chegava proveniente do Recife, dois caminhões repletos de Soldados e munições, fora um carro-prisão, uma ambulância, um carro funerário e uma baratinha (automóvel de luxo na época), este conduzindo quatro Ofiiais Superiores da Polícia. Como tudo já havia terminado, e verificada a falsa informação, pois não havia rebelião ou foco de comunistas, mas pobres fanáticos religiosos, os militares regressaram ao Recife de imediato.

Muitos seguidores do "Padre Côco" responderam presos, a processos criminais na Cadeia Pública de Panelas, havendo quem dizia que alguns presos foram assassinados na Cadeia e outros quando do trajeto Cupira-Panelas, sangrados miseravelmente pela Polícia de então. Outros adeptos foram postos em liberdade após subemeterem-se ao julgamento de um Conselho de Justiça Popular (Juri), dentre outros o Sr. Manoel Leite.

Segundo ainda José Martiliano que é um sobrevivente dessa "Guerra" e residia em Cupira e que me forneceu todas essas informações históricas, o "Padre Côco" (João Cícero Amaro) viveu muitos anos depois desse conflito e que comprara um Sítio no Município de Palmeiras dos Índios em Alagoas e um outro no Município de São João em Pernambuco, viveu e trabalhou sossegadamente. E assim acabou a "Guerra de Gravatá-Açú" .

QUEM FOI DURINO DE PANELAS



UM POUCO DA VIDA DE DURINO
Durino foi terror para uns e segurança para outros
Chamava-se Francisco José de Lucena, nome idêntico ao de seu avô. Durino foi filho único de um senhor conhecido pelo nome Cadete, que residia em Bebedouro (hoje Agrestina) e de Luiza Lucena, mais conhecida por "Yayá".
Depois que Cadete morreu, dona Yayá casou com o Sr. Tranquilino de Barros Correia, passando-se a assinar Luiza Lucena de Barros Correia, Desse casamento nasceram dentre outros que não sabemos precisar, os seguintes filhos:
Antônio Tranquilino;
Bernardo Tranquilino e
José Tranquilino Lucena de Barros Correia.
Durino prezava muito um dos seus tios, este chamado Juvêncio Pedro de Lucena, pai de João Juvêncio, a quem Durino chamava de "Tio Doutor".
Quando jovem durino residia na Povoação de Lagoa do Souza, naquela época pertencente ao Município de Panelas (hoje é Vila, Sede de Distrito do Município de Lagoa dos Gatos-PE). Durino era um jovem alegre e pacato. Entretanto, tendo havido desavenças numa casa onde se praticava jogos de azar, lá em Lagoa do Souza, Durino viu-se obrigado a defender-se como podia, e tal a fúria dos contedores, que no final da confusão, Durino havia assassinado um jovem da família dos Muniz, que era grande e valente, conforme se dizia na região.
Durino só tinha uma alternativa: fugir dali. E assim fizera. Foi para o Estado de Alagoas, evitando ser morto pelos familiares da vítima ou ser preso pela Policia.
Em Alagoas viveu algum tempo protegido por "Senhor de Enegenho" muito conhecido e respeitado pelas atrocidades que patrocinava.
Inexperiente, como qualquer jovem que nunca havia viajado, Durino foi por força das circunstâncias, alheias à sua vontade, impedido de voltar à sua terra, haja visto o crime a que se viu forçado a praticar, obrigado a conviver num ambiente miserável, onde matar o semelhante sem maiores motivos, era natural e até considerado um ato de bravura e em muitos casos, uma forma de se ganhar a vida.Pagam-se para isto.
Durino foi réu e foi vítima. Era corajoso e teve apoio para demonstrar essa sua faceta. Até mesmo a ser respeitado pelos seus então companheiros de crimes dos mais hediondos.
Ensinaram a Durino o caminho errado. Muitas pessoas importantes da região, elogiavam-no abertamente, apoiando-o a fazer o que na realidade não o devia. E Durino sem o devido preparo, servia de instrumento aos potentados da época, notadamente aos que lidavam com os mesquinhos interesses políticos em Panelas e no Estado de Alagoas.
Na "Terra dos Marechais", onde ele recebeu as primeiras "aulas" e talvez até o "Diploma de valente", Durino começou a ser também temido pelo Coronel-Patrão que havia apoiado quando ele fugira para Alagoas para não ser preso em Pernambuco, após o seu primeiro homicídio. E o mesmo Coronel-Patrão estava sem saber como livrar-se de Durino, e mandou que o mesmo botasse para fora da sua propriedade um "MORADOR" afeito às lutas e aos mais hediondos crimes, sem no entanto Durino ter pleno conhecimento dessas péssimas qualidade desse tal "morador".
Acontece que o dito "Coronel-Patrão" estabelecera de há muito com esse seu "empregado", a título de senha, que quando alguém chegasse a casa dele dizendo ter um recado do "Coronel", ela já sabia, era só matar, pois tratava-se de gente muita perigosa, e uma ameaça para o "Coronel", tinha que levar fim.
Durino já se tornando malicioso, e muito perspicaz, desconfiou dessa empreitada, e chegando à casa do referido empregado, bateu à porta, dizendo que: "tenho um recado para você", e imediatamente amparou-se no oitão da casa, quando ouviu um estampido de uma arma de fogo, que não o atingiu. Isto era já tarde da noite. Logo após esse disparo, sob a claridade de uma Lua cheia, Durino viu muito bem quando o tal "morador" saltou no terreiro da casa e com um longo punhal à mão, investiu contra Durino que depois de demorada luta a ferro, recebeu vários e profundos golpes, desfrindo também muitas punhaladas no seu desafeto, graças a habilidade ímpar no manejar punhal, passando-o de uma a outra mão, numa incrível velocidade. Durino consegue matar o inimigo.
Ferido, porém forte, Durino foi até a casa grande do "Coronel", relatar todo o acontecido e cuidar dos ferimentos recebidos, e em lá chegando, disse tudo e o "Coronel" abismado, exclamou:
" DURINO, VOCÊ MATOU O HOMEM? ELE ERA MEU COMPADRE".
Durino retrucou:
"E o senhor não mandou botar ele pra fóra do Engenho? Quando dei o seu recado ele quase me mata. Pra não morrer, tive que matá-lo."

MORTE DE "DURINO" O DESTEMIDO






O VALENTE E TEMIDO "DURINO"







Existia uma ferrenha intriga entre Durino (Francisco José de Lucena) e Elpídio Rodrigues de Meira Torres. Certa vez Elpídio havia sido "desfeitado" por Durino por questões políticas da época, possivelmente para satisfazer chefes de facções partidárias antagônicas, e Elpídio alimentava o desejo de vingança, e para isto já havia mandado emboscar Durino maais de uma vez, sendo sempre insucedido nessa horrendas empreitadas, graças também ao cavalo de Durino, que treinado para enfrentar situações dessa natureza, tanto baixar-se como pulava obstáculos, livrando-o de muitos perigos pressentidos por Durino, daí o seu justo nome : "Sabido"". Era um cavalo muito bom e bonito.

Residindo na então Povoação de Lagoa do Souza, hoje Vila, pertencente ao Município de Lagoa dos Gatos nos limites com Panelas, Durino tinha apenas três caminhos a seguir tanto para ir de Panelas para casa como vice-versa, que eram pelos Sítios Boqueirão, Brejinho e Saco das Cobras. Quando Durino desconfiava de qualquer coisa, mudava de itenerário e as emboscadas preparadas sempre falhavam, era como uma espécie de percepção extra sensorial que lhe favorecia. Outras pessoas diziam que ele era favorecido por "rezas fortes".
Um afilhado de Durino, conhecido por "Zé de Ana", mas que vivia em companhia de Elpídio, seu inimigo número um, prontificou-se a matar Durino dizendo para Elpídio:

"ELE É MEU PADRINHO, MAS SE O SENHOR QUISER EU QUEBRO ELE." ("Quebrar é sinônimo de matar de emboscada).

Elpídio não aceitou a proposta de "Zé de Ana", dizendo que não dava certo, pois ele era seu padrinho, e que ele mesmo sabia como fazer.

No ano de 1914, Elpídio armou novo esquema, com homens armados com rifles nos trechos das estradas que passavam pelos Sítios Boqueirão, Brejinho e Saco das Cobras, colocando em cada emboscada três pessoas. Era um dia de sábado a tarde, dia da feira em Panelas. Durino estava na Igreja-Matriz do Bom Jesus dos Remédios onde seria padrinho de uma criança filha de seu amigo Epiphânio e de uma amante dele. Após o batizado Durino e o casal seguiram viagem a Lagoa do Souza onde moravam. Ao passar pelo caminho escolhido, que foi "Saco de Cobras", no trecho chamado por "APERTADO", Durino que ia na frente do já compadre Epiphânio, em dado momento ouve um estampido. Havia sido de rifle que atingiu Durino, e este, virando-se baleado disse: "Por que você fez isto compadre Epiphânio?." Não houve tempo para Epiphânio responder que não havia sido ele o autor do disparo, e Durino usando um revólver calibre 44, deu mortal tiro em Epiphânio. A mulher mãe da criança que vinha montada na garupa do animal e abraçada segurando-se em Epiphânio, com a mão sobre o seu peito esquerdo, teve a mesma perfurada pela bala que matara Epiphânio. Durino se enganara. Em seguida novos tiros foram desfechados sobre Durino pelos rifles de Elpídio e seus comparsas. O cavalo "Sabido" de Durino disparou com ele montado e mais adiante Durino caiu dos arreios e seguido em desabalada carreira, indo parar na casa de Durino em Lagoa do Souza, enquanto Durino mortalmente ferido, recebe mais quatorze tidos de rifles na cabeça pelos criminosos o seguiram.

Depois dessa morte os assassinos ficaram homiziados em uma propriedade de um amigo de Elpídio da família Gouveia. O estrago provocado na cabeça de Durino foi enorme, a ponto de expor a massa célica, que foi trazida em um lenço para ser sepultada junto ao corpo do mesmo, que chegando a Panelas para receber do Padre a "Encomendação da Alma", o Vigário recusou-se alegando que não podia fazer nada pelo morto, face as circunstâncias da morte, pois nem mesmo "SINAL" (toque fúnebre do sino da Igreja) era permitido. Durino foi enterrado sem assistência religiosa face às normas daquele tempo.

Durino era casado com dona Anna Galvão, a quem chamavam por "Aninha", de tradicional família panelense.

HISTÓRIA DE PANELAS - MORTE DE ELPÍDIO



MORTE EM FESTA DE CASAMENTO
Elpídio Rodrigues Meira Tôrres, era casado com dona Júlia Dias Tôrres. Foi comerciante , proprietário e exerceu atividades políticas em Panelas, Pernambuco. Tinha muitos amigos, mas tinha também vários inimigos. Atribuia-se abertamente a Elpídio o assassinato de Francisco José de Lucena, vulgo Durino, fato ocorrido no ano de 1914, numa emboscada no lugar "Saco de Cobras".
No dia 5 de fevereiro de 1926, houve uma festa de casamento em Panelas, e como é de costume, realizou-se a tradicional dança. Elpídio e amigos se faziam presentes. Lá também se encontravam elementos do Destacamento de Polícia local, como sempre ainda hoje acontece nas festas de casamento do interior nordestino. Dentre estes estrava um Soldado chamado Francisco, que não gostava de Elpídio por haver este o denunciado ao Delegado, sobre a acusação de ter o dito militar praticado um ato incorreto, utilizando um cavalo numa diligência policial, sem a devida autorização do proprietário do animal, e ainda ao regressar deixando o mesmo animal solto e abandonado, e extropiado, por trás das ruas.
Há dias que o dono do cavalo procurava-o, sem no entanto saber do seu paradeiro, encontrando-o dias depois todo mal tratado e cortado por esporas, estava doente. Procurando inteirar-se de tudo e tomou conhecimento do acontecido, resolvendo levar o caso ao conhecimento do seu parente Elpídio, que não teve dúvidas, levando o assunto ao Delegado de Polícia e pedindo providências.
Sendo chamado pelo Delegado e Comandante do Destacamento, o Soldado Francisco ficou exasperado chegando a perseguir o dono do cavalo, que juntamente com dois irmãos estava nessa festa de casamento. Resolveram os três irmãos "pegarem" o tal Soldado e vingar-se das perseguições e assim o fizeram. Ficaram espreitando o Soldo, e quando este se encontrava só na cozinha da casa da festa, meteram-lhe uma paulada na cabeça, e com a zuada da dança ninguém notou nenhuma anormalidade.
Quando tentavam colocá-lo em uma despensa alí existente, ocorre que a dona da casa resolve ir a cozinha e em lá chegando encontra os três irmãos arrastando o Soldado Francisco e a mulher solta um terrível grito, que despertou a atenção de muita gente, tendo parado a harmônica (fole musical), e chamado um outro Soldado que na dança se achava, tendo a briga se generalizado. E o "pau comeu", entre adversários que participavam da festa.
Foi então que o Soldado vendo o seu companheiro ferido, corre até o Quartel e comunica aos demais componentes do Destacamento e do Delegado de Polícia, qua apanham os fuzís e vão para o local da confusão e começam a atirar indistintamente, fazendo muita gente correr e dessa correria ocasionando ferimentos diversos, inclusive um mortal em Elpídio Rodrigues Meira Torres.
Familiares de Elpídio denunciaram como responsáveis pelo crime de morte, o Cabo Amazonas do Destacamento de Polícia de Panelas, o então Delegado em exercício Sr. Manoel Sizenando Gomes, que inclusive respondeu perante à Justiça por esse assassinato, tendo gasto bastante dinheiro com a sua defesa, mas foi absolvido da imputação como co-autor.
Anos depois, na década de 1950, o Sr. Manoel Sizenando Gomes candidata-se à Prefeito Municipal de Panelas, tendo sido eleito e governado decentemente a comunidade. É falecido, tendo deixado numerosa prole.

domingo, 30 de agosto de 2009

ANTIGO ALTAR DA IGREJA DE SÃO JOSÉ DO BREJO


Este Altar antigo e muito bonito foi demolido para a construção de um outro que ainda permanece na Igreja-Matriz de São José do Brejo da Madre de Deus-PE

CABEÇAS DE CABANOS Á PRÊMIO

"A presença dos Presidentes de Província na Zona conflagrada e os planos bem traçados do Coronel Joaquim José Luiz de Souza em apenas dois meses mudaram completamente o aspecto da guerra, mas entre os inúmeros mortos e prisioneiros não eram encontrados os principais chefes cabanos, cuja captura ou morte poderiam trazer a imediata conclusão da luta. Por isto resolveu Manuel de Carvalho Pais de Andrade pôr a prêmio a cabeça dos chefes que poderiam ser apresentados vivos ou mortos. Ofereceu 800$000 por Vicente Ferreira de Paula, que era chefe supremo; 400$000 a quem apresentasse seus principais imediatos, que eram Antônio Sebastião, ex-Juiz de Paz de Quipapá; Antônio Timóteo de Andrade, Barrinhos e Vicente Mangibura; 200$000 a quem apresentasse Serafim Soares, e 100$000 a quem capturasse Manuel e José Nunes. Caso a apresentação fôsse feita por um revoltoso, ele não só teria direito à gratificação, como o perdão pelo crime de conivente." (Edital publicado no Diário de Pernambuco, de 28.04.1834).

FOTO ANTIGA DO BREJO DA MADRE DE DEUS

Foto antiga da cidade do Brejo da Madre de Deus - PE, não se visualizando postes de iluminação pública e nem calçamento, mas observa-se a igreja-Matriz de São José com uma só torre; o prédio centenário onde funciona hoje o Museu Histórico; casas azulejadas com azulejos português; um "cacimbão" no centro da cidade; parte de uma casa não mais existente à frente da foto, e um lindo morro ao fundo.

sábado, 29 de agosto de 2009

SARGENTO CAFINFIN - ADMIRAVA LAMPIÃO



Natural do Município pernambucano de Exu, terra do famoso e inesquecível Rei do Baião Luiz Gonzaga, o não menos famoso militar (já falecido) Sargento Manoel Pereira da Silva 1º, conhecido pelo apelido de "Cafinfin", da Polícia Militar de Pernambuco, era um admirador declarado do ainda mais famoso cangaceiro Virgulino Ferreira, o "Lampião", o que era uma contradição uma vez que Lampião detestava a Polícia e vice-versa.
Quando ainda Cabo o Sargento Cafinfin ficou famoso ao enfrentar no Município de Limoeiro em Pernambuco, mais precisamente na então Vila de Passira, hoje cidade, políticos e familiares do Coronel Chico Heráclio, um dos mais potentados Coronéis políticos nordestinos, impedindo propositadamente a realização de um comício político, havendo um desses políticos que era detentor de mandato legislativo federal (Deputado) lhe encostado à barriga de Cafinfin o cano de uma metralhadora, e Cafinfin encostado no mesmo o cano de uma pistola automática calibre 45, dizendo para o Deputado limoeirense: "Se puxar o dedo contra mim você leva desvantagem, pois morre um Cabo velho da Polícia, e um Deputado vai pro inferno," Era o que dizia. Houve uma certa sensatez e diálogo, e se separaram sem ninguém atirar, mas o comício não foi realizado. Nessa época o Coronel Chico Heráclio, pai do Deputado envolvido, estava rompido politicamente com o Governo do Estado, e dias depois desse fato, o Cabo Cafinfin era promovido por merecimento ao posto de 3º Sargento da Polícia Militar de Pernambuco. Havia naquele tempo a prerrogativa do Governador promover por antiguidade ou merecimento qualquer militar, mesmo sem que fossem submetido a exigências culturais ou concursos, exames ou testes. A história de Cafinfin desde sua infância junto com seus familiares com o cangaço nordestino é contada no Volume IV da História do Brejo da Madre de Deus onde ele foi Comissário de Polícia e Comandante do Destacamento local.

O BISPO QUE GOVERNOU PERNAMBUCO





"O Bispo Azeredo Coutinho (Dom José da Cunha Azeredo Coutinho),nasceu em 1742, na okanície de Campos, Estado do Rio de Janeiro, de rica família açucareira, e até os 33 anos dedicou-se aos negócios da família. Teve grande atuação na segunda metade do Século XVIII--- após 1775, ele voltou-se para os estudos em Portugal e três anos depois graduou-se em Cânones na Universidade de Coimbra, 1780.


Apesar de Sacerdote, continuou a se preocupar com os problemas econômicos e, em 1791, publicou um trabalho sobre o preço do açúcar e, três anos depois, umm outro sobre o comércio de Portugal com as Colônias. Permaneceu monarquista durante toda a vida e, apesar de considerado progressista em relação ao seu tempo, defendia a amparo da escravidão. Não há de se estranhar essas posições, uma vez que no fim da vida ocuparia o cargo de Inquisidor-Mor do Reino.


Foi nomeado Bispo de Olinda em 1794, mas permaneceu na Corte por um longo período, só chegando à sua Diocese a 25 de fevereiro de 1798, não se sabendo o porquê desta demora. Ao chegar, porém, o Governo da Capitania estava prestes a vagar, com a conclusão do mandato de Dom Tomaz José de Melo, e ele, na qualidade de Bispo, deveria assumir o Governo como Presidente da Junta Governativa.


Ocupando as duas funções, a de Bispo e a de Governador, ele procurou dar atenção a uma e outra, procurando se informar dos problemas mais importantes enfretados pela Capitania. Como Governador deparou-se com vários problemas: uma grande seca; a ação de piratas na costa, ameaçando sempre o rico porto do Recife; a dificuldade de abastecimento de carne, levando-se em conta que a área pecuária se encontrava a grande distância, no Sertão; e com problemas de abastecimento d'água. Também teve que enfrentar a corrupção generalizada, tanto no serviço público como nas atvidades privadas, com os proprietários evitando pagar os impostos devidos. Ainda se viu em apuros para manter um bom nível para a educação, com professores mal pagos,nem sempre competentes e dedicados, e com um desfalque no preechimento dos assentos.


Face a estes desafios, ele tentou o apoio dos comerciantes para adquirir uma fragata que vigiasse a costa e guarnecesse o Porto do Recife.Decepcionou-se com a pouca receptividade dos mesmos, apesar de serem os maiores interessados, e adquiriu, com os poucos recursos de que dispunha, uma fragata que passou a dar maior segurança ao comércio e à Vila do Recife.


Para garantir o abastecimento de carne nas Vilas litorâneas, procurou reativar as estradas do Recife ao Sertão, subindo os vales do Capibaribe e do Ipojuca, que haviam sido abertas em 1738 (Mello, 1966). Estas estradas eram da maior importância para manter uma comunicação regular entre o litoral açucareiro e o Sertão pecuarista, e para garantir a presença pernambucana nas Comarcas do Sertão e do São Francisco. Na realidade, embora se diga que o Bispo mandou abrir uma estrada de 300 léguas para aproximaro Sertão do Litoral, essa estrada já existia, mas como estava mal conservada, ele tratou de mandar "verificar e exainar as comodidades para as boiadas: distãncias, os pousos e a água (Nogueira, 1985). A importância das estradas era essencial, uma vez que por elas caminhavam boiadas com centenas de cabeças, tangidas por tangerinos que levavam meses desde a fazenda até os pontos de abate.Nessas estradas existiam locais para pouso do gado durante longos períodos, a fim de que descansasse e readquirisse o peso perdido durante a longa caminhada (Andrade, 1986).*(extraído de "Pernambuco Imortal-Personagens-Brasil 500 anos, Nº 4- páginas 56/57, do Jornal do Commercio-2000").

O QUE É MUNICIPALISMO?

clique sobre a foto
Municipalismo na mais correta definição dada pelo Mestre Dr. Pedro Calmon: "Municipalismo é uma instituição mais social que política, mais histórica do que constitucional, mais cultural do que jurídica, mais humana do que democrática."


MUNICIPALISMO:

Municipalismo, substantivo masculino(SM)composto de municipal + ismo.

01- Sistema político que pretende a maior autonomia possível para os Municípios:

02- Sistema de administração que atende especialmente à organização e prerrogativas dos Municípios;

03- Descentralização da administração pública, em favor dos Municípios.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A "PEPADA" DO DR. SARAIVA DE PANELAS-PE





Ao centro da foto encontra-se José Alexandre Saraiva (Dr. Saraiva) ladeados por Benjamim de Lucena Galvão ("Bêja" á esquerda) então Presidente da Câmara Municipal de Panelas-PE e Newton Thaumaturgo (à direita) quando de nossas presenças em Foz do Iguaçu-PR em Congresso de Vereadores e Assessores de Câmaras Municipais. Esta foto foi feita defronte ao Palácio da Justiça Federal naquela importante cidade no momento que aguardávamos o Dr. Edgar Limpamm, Juiz Federal, para almoçarmos e batermos um papo cordial.



Viajando com suas asas da sua irrequieta imaginação, o Dr. José Alexandre Saraiva, conhecido pelos amigos de Panelas onde nasceu como apenas José Alexandre, ou pelo apelido de "José de Benedito", é um homem super preparado culturalmente e um ser humano por exceelência. Ex-Auditor da Fazenda Nacional, ora aposentado ainda jovem pois como jovem começou a trabalhar. Bacharel em Direito (Advogado), Escritor de mancheia, com vários livros publicados; poeta com prêmios até internacionais; Professor com P maiúsculo e docente Universitário no majestoso Paraná onde reside e formou a sua família. E tantos outros títulos e atividades importantes como Jornalista, Músico e Compositor. Na verdade trata-se se um homem polivalente, mas a sua maior riqueza está na humildade e fidalguia de que é portador.

Mas voltando ao início quero registrar nesse blog a Crônica que o Dr. Saraiva escreveu sob o título "QUE PEPADA", utilizando-se quase exclusivamente de palavras iniciadas com a letra P, sem o uso do vocábulo "QUE", contando a sua vida e andanças pelas ruas do Mundo, registrando os nomes dos amigos e famílias de sua amizade. Vejamos:

"Para os Paganinis, Pamplonas, Paolas, Parreiras, Portelas, Pascoales, Pupis, Pupos, Passos, Penteados, Prietos, Petris, Porciúnculos, Porciúnculas, Polaks, Pontes, Pintons, Pietrowskis, Papinis, Pirandellos, Pitrigrillis, Panuttis, Palhares, Pirquéias, Plácidos, Pedrosas, Proenças, Plínios, Piazollas, Pachecos,Parciorniks, Proliks, Portes, Patituccis, Prestes, Pastorellos, Procópios, Pellegrinos, Pivas, Pasinis, Pícollis, Pacettis, Pacos, Pilotos, Palermos, Padilhas, Padovans, Padovanis, Paeses, Pedrosos, Pimentéis, Perrines, Pafôncios, Pedrotis, Perivaldo, Paulinos, Pereira, Paixões, Pires, Perpétuos, Pessoas, Péricles, Peres, Prates, Perequetéis, Pintos, para Pernambuco, Paraíba, Pará, Paraná, Piauí, Paquistão, Paraguai, Polônia, Perú, Panamá, Portugal, Países Baixos, Páises Altos, para Przybyzs, polícias, putisgrilas!, paro.

Meu nome contém todas as letras, menos uma, conforme descobrirá o leitor, eis que me chamo Severo José Alexandre Saraiva Narraceno Benedyto Faranho de Almeida Gouveia Klowsin de Xavier e Queiroz, vulgo Cícero Baroni, Enoch Lucena e Naya Macambira.

Providencialmente, porém, fui produzido por meus progenitores na Pindorama, "país da picaretagem", personificado no passado por um pau e proclamado por Pedro, português, o Primeiro. Para perpetuar a primeira letra do poderoso e promissor pau, políticos populistas petrificaram-na propositadamente no princípio de seus Partidos. Prevenindo problemas de personalidade e para preservar orgulho próprio e postura, fui parido em Panelas, Povoado pernambucano, pequeno paraíso, prolificada pelos poetas, prosadores, piabas e pintibus. Projetada com perfeição, a Prefeitura, prédio pomposo, pontificava na principal via pública, perto do péla-porco, do palanque, da praça, da padaria e da casa dos Paulino, e o Prefeito, primo de papai, peralta e prediletos patrícios do peito, puseram-me o apelido de "Pé-de-pato". Pura pirraça desses "Papangus", "Chupa-Pedras e "Papafigos".

Permanece patente no pensamento a paisagem na qual, no pequenino e pacato potentado de papai, prevalecia a presença di pitangueiras, paineiras, palmas, pirins e um pé de pitomba, onde patativas, pintassilgos e periquitos pousavam a passos pausados e um parrudo pica-pau perambulava, possesso, picando sem piedade, parecendo paciente do Pinel possuído pelo Pererê e por papaverina preparada com pimenta.

Papai passava parte de pouco tempo disponível papando pinha, pamonha, pé-de-moleque e paçoca de castanha pilada no pilão pelo patureba Pretestado. Pendurado na rede presa à parede do pequeno paiol, papai percebia pombos, pintinhos e patos pipilando e perericando pequeninos pedacinhos de pãp perdidos pelo pátio. Por essa privilegiada posição, de permeio, piscando as pestanas e pálpebras, polindo a peixeira e o punhal prateado, ele podia pacientemente contemplar potros, pacas, perus repletos de pena, porcos com pintas pretas, prestes a pisotear o pasto de capim pangola, e o pervettido e prodigiso papagaio Perivaldo pronunciando palavras proibidas e paparicando papagaia na porteira.

Pesarosamente, parti para a parte prometida deste País, portando meu piston, o fole pé-de-bode, partituras e um punhado de poemas no pensamento. Peguei o pau-de-arara "Progresso" em Palmares e cheguei às paragens poéticas do Pão-de-Açúcar, dos passistas da passarela, do Pinxinguinha, da Portela e das folias com piratas-da-perna-de- pau. Paquerei Pepa e casei com Penha, capixaba de Ecoporanga.

Para prover-me, após percorrer caminhos de pedras, com a proteção pertinaz e paciência de minha mãe --- Dona Eliza Mendes Saraiva, a mais doce canção, viúva meeira de Benedito Alexandre de Souza, "o Queijeiro", "o Valkseiro", "o Bacurau", principiei numa farmácia, perto da praça Aphonso Pena, cuja propaganda era com peagá, passando, depois, para a Pólux Veículos, Lojas Par e Casa Presidente.

Pelejei, pelejei, paguei penitências, peregrinei a pé e na penúria pela Pavuna. Piedade, Penha, Parati, Parada Angélica, Paquetá e Petrópolis, indo pousar, primeiro, no Joaquim Pizarro, depois perto da Praia do Flamengo, preferida dos "paraíbas", na Presidente Arthur Bernardes, pertinho de dois palácios, um presidencial, outro provinciano. Por lá passei pouco tempo, pero recordo terem pregado na parede do prédio uma placa com propagranda de "pensão popular".

Perseguindo a progressão profissional, passei de primeira, na prova para o poder público, promovida pelo Serpo, cujo "ponto do paletó" era na Presidente Antônio Carlos, próximo ao Passeio Público, a poucos passos do Plaza, onde projetavam películas de minha particular predileção.

Passou o tempo e eu partir, com a princesa Penha, para o Paraná, precisamente (passando antes pela Capital, na Vila São Paulo) para Pinhais, porção de preservação do patrimônio potável paranaense, onde proliferam prados, pirilampos, pardais, paisagens pictóticas, pomares, poncãs, pêssegos, peras e pipas planando no ar purificado pelos pinheirais. Pinhais, Pinhais... do Palmitalzinho, das painas, da Vila Perneta, do Parque Panorâmico - no passado pequena parte de pastagem pertencente a Piraquara, e, no presente, populosa, promissora e, por pressão popular plebiscitária, possuidora do patrimônio próprio- posicionando-se minha primeira palhoça na Carlos Poulhamann, nome de um polaco, sendo de papel passado a propriedade particular.

Preservando a paz pessoal e privacidade, fiz parada no presente paradeiro: Pablo Picasso, Privê, antiga Palmital.

Periodicamente, por particularidades profissionais, vou ao Paraguai e, na passagem pela Ponte, rumo à Petisquera, presto minha prece em prol da preservação do Paranazão, pernoitando, posteriormente, na Martins Pena, 269, pensão de repouso padrão presidencial, com piso de peroba, piscina e peabolim, plameiras, plantas púrpuras e paisagísticas, parecendo um pedaço do Parque Nacional.

Prateando o passamento, no passado, do principal e proeminente pároco panelense (1881), proclamo, publicamente, preito de pesar póstuma para o Padre Pedro da Purificação Paes e Paiva, Pároco da Paróquia de Panelas, Provícia de pernambuco, Professor Público Primário, par de Pedro, Pároco Prior do Paraná.

Pausa! Perdi os parafuso do pavimento pensante. Por ser Procurador Público e periodista, preciso ser prudente e parar com essa parola, pingando, via Pentium, o ponto precioso, capaz de parar esta provocante psicose peense."

Parabéns polivalente poeta panelense.



REGISTROS PITORESCOS E HISTÓRICOS:


No Cartório de Registro de Imóveis e Hipotecas da Comarca de Panelas, que é hodje do 1º Ofício, encontra-se o primeiro registro de imóvel desde o seu funcionamento, isto é, datado de 19 de setembro de 1933, e o Escrivão de então foi o Sr. José Jerônimo. O imóvel registrado compreendia duas partes de terras localizadas no Sítio Serra d'Ave, compradas por José Macário Sebastião de Albuquerque e vendidas que foram por José Bernardo da Silva, a quem chamavam pelo apelido de ZECA, e sua mulher dona Rozenda Maria da Conceição, isto pela importância de 500$000 (quinhentos mil réis).

No Cartório do 2º Ofício Privativo de Órgãis e Ausentes, consta no Livro de Audiências de Nº 01, que o Tabelião era o Sr. João Correia de Mello Brazil, e Juiz Municipal o Sr. Manuel Amaro Jácome Pires, isto no ano de 1876.

A primeira procuração constante do Cartório acima referido, foi passada no dia 6 de agosto de 1879, sendo então Tabelião o Sr. José Matheus de Oliveira Guimarães, e outorgante o Tenente Francisco de Siqueira Passos, residente em São Benedito do Sul, que foi Termo da Comarca de Panelas, e outorgado o Dr. Jesuíno Claro dos Santos Silva. De acordo com o Livro Nº 02 desse mesmo Cartório, anotamos a primeira escritura pública que data de 1878, isto é, a primeira existente no Arquivo do Cartório em apreço, sendo vendedor o Sr. Clementino Leôncio da Silva, residente naquela época em Pesqueira, e compradora foi a Sra. Amara Cordeiro dos Santos, residente em Panelas. O objeto do contrato foi um Escravo de nome Barnabé, de cor parda, 14 anos, natural da Província de Pernambuco, e destinado para serviço agrícola, "Livre" e desembaraçado de qualquer penhora, embargo ou hipotecca, no valor de 65$000."

SUBSÍDIO PARA A HISTÓRIA DE SÃO JOAQUIM DO MONTE


REMINICÊNCIAS:

O Lobisomem era o Delegado de Polícia=


A iluminação elétrica pública antigamente nos idos de 1940/1950, era das 6 horas da tarde indo até às 10 horas ou no máximo 12 horas, e fornecida por motor movio à carvão, gás ou óleo diesel. Em São Joaquim do Monte, Pernambuco, não era diferente, só que pela ignorância de muitas pessoas, falava-se muito em "Papafigos", lobisomens, etc. Poucas pessoas se arriscavam sair às ruas depois que a iluminação pública era normalmente suspensa com a paralização do Motor e consequentemente as luzes dos postes eram apagadas. E aí começavam a aparecer assombrações, e os "lobisomens" eram quem mais faziam medo. Mas os entendidos no assunto sabiam que quando os "homens em forma de lobos" começam a surgir nas noites escuras ou enluaradas, certamente apareceriam mulheres grávidas, quer casadas ou solteiras. Normalmente os "lobisomens" saiam mascarados, com chocalhos dependurados e "quengos de cocos" nos pés, e muito barulho e grunhidos para amendontrar mesmo qualquer pessoa.

Certo dia, o meu tio Pedro teixeira de Carvalho, que era político da UDN e liderado pela família Sampaio da Usina Roçadinho (Lael, Alde e Cid) que ficava no Município de Catende-PE, resolveu descobrir quem era o "lobisomem" que estava aterrorizando as noites na cidade de São Joaquim, e convidou um seu sobrinho e meu primo de nome Genésio, para tal empreitada. E ao se apagar as luzes da cidade, isto por volta da meia-noite, descobriram que o tal "lobisomem" se vestia tipicamente numa parte interna da igreja Matriz que se encontrava em reconstrução. Diante essa situação, os dois (meu tio e o primo) decidiram em esperar o tal "lobisomem" na sua volta para mudar de roupa, e só foi o que deu. Duas horas depois da espera, lá vinha a zoada do "lobisomem" que se dirigiu para o interior da construção da igreja Matriz, e aí o meu tio Pedro Teixeira com Genésio, sacaram os revólveres que conduziam e com lanternas focadas nos rosto do tal "bicho" pediram para que tirasse a máscara. E ele relutou, chamou pelo nome do meu tio, disse que o admirava, mas que ele não fizesse com que ele ficasse identificado. Mas não foi atendido, tirou a máscara e era o Delegado de Polícia local, que até perseguia politicamente o meu tio Pedro por este da UDN e da Oposição do Governo. Nesta hora o esmo foi amplamente censurado por meu tio que se comprometeu a guardar o segredo enquanto ele fosse Delegado de Polícia em São Joaquim do Monte, e a partir daí diminuiu suas pressões policiais contra os simpatizantes da UDN. Tempo depois uma jovem moça de um aglomerado urbano adjacente à cidade, revelava que estava grávida do tal "Lobisomem".

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

HISTÓRIA (PARTE) DE SÃO JOAQUIM DO MONTE-PE



Histórico constante na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Volume XVIII, páginas 263/266- 1958 - IBGE- Rio de Janeiro-RJ



"Até 1890, o local onde hoje está edificada a cidade era uma propriedade deserta, pertencendo aos senhores MANOEL QUINTINO DOS SANTOS, Capitão Manoel Antônio (português de origem) e Manoel Caetano da Costa. Nas suas imediações havia uma casa denominada "Casa Nova" de Aba da Serra (nome primitivo de São Joaquim do Monte), então pertencente ao Capitão Manoel Antônio.


Em 1891, foi dado o ponto de partida para a formação dessa cidade, com a construção da primeira casa, feita por MANOEL QUINTINO DOS SANTOS, senhor de saudosa memória. No local temos hoje o confortável prédio residencial pertencente à viúva de José Vitorino, na Praça Coronel Joaquim Lima. Após essa construção, marco indelével do início de São Joaquim, entre outros que ajudaram na sua formação, citam-se os senhores José Vitoriano(?) de Oliveira (Cazuzinha), Manoel Franklin da Silva, José Malaquias de Menezes, Antônio Gameleira, Francisco Gameleira, Joaquim José de Lima, Manoel Félix de Menezes, capitão José Joaquim de Melo e José Joaquim de Melo, que se aliaram ao ideal de MANOEL QUINTINO DOS SANTOS.


O avanço rápido do novo Povoado foi dado pelo destimido e progressista batalhador José Joaquim de Melo ("José Gameleira") que a partir de 1911 deu início a construção de centenas de casas. José Vitorino de Carvalho, deve ser lembrado também, pelo seu amor a essa terra, chegando a construir inúmeros prédios.


O primeiro nome dessa localidade foi "Aba da Serra", isto porque ficava nas proximidades de uma serra, hoje conhecida como "Serra do Monte". Logo que passou a chamar-se de São Joaquim. Diz-se que foi dado esse topônimo em homenagem ao político de maior evidência da época, Coronel Joaquim José de Lima. No ano de 1896 foi erigida uma Capela, tendo como patrono São Sebastião. Dois anos mais tarde, o Padre Joaquim da Cunha Cavalcanti, celebrante mensal em São Joaquim, de comum acordo com o Coronel Joaquim José de Lima, resolveu definitivamente sobre a escolha do Padroeiro de seus fiés e da terra que crescia, preferindo São Joaquim a São Sebastião. Em 1913 foi iniciada a construção de uma nova Capela, mais ampla e confortável, por orientação do Missionário Frei Epifânio que pregava aqui na épova (igreja atual), a qual em 1914 ou 1915 foi inaugurada sob a aclamação geral do povo. Entre centenas que ajudaram nessa obra, salienta-se sobremaneira o Coronel José Joaquim de Melo ("José Gameleira") que além de doar todos os tijolos necessários, ainda emprestou carros-de-bois para fazerm o transporte de materiuais para o local da construção.


São Joaquim elevou-se à categoria de Vila no ano de 1909, pela Lei Estadual Nº 991, de 1º de julho, devido, principalemnte à construção decidida do senhor José Gomes Cabral de Andrade que então fazia parte do Conselho Municipal do Bonito. Elevada a esta posição (de Vila), foi escolhido pelo mesmo Conselho, o senhor Manoel Franklin da Silva para o cargo público de Juiz do Distrito, e João Pio Guerra para Oficial do Registro. Os políticos de maior evidência desde 1891 até a elevação à Vila foram os senhores: Capitão José Antônio; Coronel Joaquim de Lima; Antônio Gameleira; Francisco Gameleira; José Joaquim de melo; Manoel Franklin da Silva; Manoel Félix de Menezes e José Porfiro de Carvalho.


Vinte anos após a elevação do Povoado à categoria de Vila, seus filhos conseguiram sua emancipação politica, conforme Lei Estadual Nº 1931, de 11 de setembro de 1928. O primeiro Prefeito da nova comuna foi o Coronel Joaquim José de Lima. Pelos Quadros de Divisão Territorial de 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937 e ainda pelo Anexo ao Decreto-Lei Estadual Nº 92, de 31 de março de 1938, o Município de São Joaquim do Monte era Termo Judiciário da Comarca do Bonito, assim tendo permanecido na Divisão Territorial determinada por força do Decreto-Lei Estadul Nº 235, de 9 de dezembro de 1938, para vigorar no quinquênio 1939-1943. A mesma situação foi confirmada pelo Decreto-Lei Estadual Nº 952, de 31 de dezembro de 1943, o qual estabeleceu a Divisão Judiciário-Administrativa vigente em 1944-1948, sendo porém que nesse período, o Município e o Termo se denominavam Camaratuba.


Por força do Decreto-Lei Nº 1.116, de 14 de fevereiro de 1945, dando execução ao Decreto-Lei Federal Nº 7.300, de 6 de fevereiro de 1945, foi criada a Comarca de Camaratuba com Termo do mesmo nome, desmembrada da de Bonito. O Município compõemse de três Distritos: São Joaquim do Monte (ex-Camaratuba), Batateira e Batente. Esta situação persistiu por força da Lei Nº 1819, de 30 de dezembro de 1953.


LOCALIZAÇÃO: Situado na Zona do Agreste, o Município de São Joaquim do Monte dista da Capital estadual (Recife) 111 Km, em linha reta, no rumo O.S.O. As coordenadas da Sede Municipal são as seguintes: latitude Sul: 8º 29' 10"; longitude W.Gr.---35º 47' 30". A altitude atinge 450 metros.


CLIMA: Tipo de clima: As'--- Quente e úmido com chuvas de inverno e máximas no verão. Faixa de transição entre Zona da Mata e o "Polígono das Secas".


ÁREA: É avaliada em 373 quilômetros quadrados.


POPULAÇÃO: Segundo o Censo de 1950, era de 24.282 habitantes, sendo 11.693 homens e 12.589 mulheres. A densidade demográfica correspondia a 65 habitantes por quilômetro quadrado. Residiam no Quadro Urbano 8,9% da população.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

REMINICÊNCIAS HISTÓRICAS DE SÃO JOAQUIM DO MONTE


REMINICÊNCIAS:


04- Os Cães "Limeira e Gameleira"


Minha mãe de saudosa memória, contou-me que o seu pai e meu avô Pedro Teixeira de Carvalho, casado que foi com Rosa Maria de Carvalho ("dona Neném"), que tinha também um filho por nome Pedro Teixeira de Carvalho, que foi político e comerciante na cidade de São Joaquim, era proprietário rural e criador de gado bovino no Município, e que possuia um cachorro muito bom e ensinado no que diz respeito a ajuda para recolher o gado aos cercados, mordendo dito cão as narinas do boi reprodutor e líder da boiada, fazendo este berrar e o restante do gado se ajuntar para o regresso aos currais.


Só que certo dia meu avô acima citado, indo à então Vila de São Joaquim fazer compras para a fazenda e sua casa, juntamente com o seu cachorro, o que era normal aos homens do campo, o cachorro acompanhar o dono que sempre viajava à cavalo, e em lá, chegando deram uma "bola" ao seu cachorro que morreu envenenado minutos depois, pois tais "bolas" eram feitas e distribuídas por ordem das principais autoridades locais, e no caso os Coronéis José Gamileira e Joaquim Lima.

Revoltado, o meu avô Pedro Teixeira viajou dias depois à Caruaru onde comprou dois cachorros ainda novos, os criou e os denominou: um atendia pelo nome "Gameleira" e o outro por "Limeira".

Passados algum tempo, alguns meses, quando os cães já estavam adultos, ele levou-os a São Joaquim e os chamavam em voz alta para registrar o seu protesto e provocar os responsáveis pelo morte do seu primeiro cão. E dizia: "Gameleira" venha aqui. "Limeira" venha comer. E todo mundo sabia da sua intenção, mas ninguémquís comprar a briga. Depois disso ele não nunca mais foi à São Joaquim.

REMINICÊNCIAS HISTÓRICAS DE SÃO JOAQUIM DO MONTE


03- REMINICÊNCIAS:
Os beliscões do Sr. Temístocles
O Sr. Temístocles (chamavam-no de "Temisto") era um homem alvo, de cor quase vermelha como os europeus, e proprietário de um estabelecimento comercial (mercearia), casa de esquina, no centro da cidade de São Joaquim do Monte. Gostava de brincar e mexer com a garotada que ia comprar bombons na sua venda, e ao atender quando recebia o dinheiro da compra, se o menino estivesse com um braços sobre o balcão, ele beliscava tirando alguns cabelinhos e começava a contá-los e perguntava: "Ímpar ou par?". Com a dor os meninos saiam danado da vida, uns até xingando ele, e ele ria sem parar e tentava agradar com mais um confeito os seus fregueses mirins. Normalmente quando os meninos como eu, iam comprar os pirulitos na sua "venda", ninguém colocava os braços sobre o balcão e não deixava ele ficar perto. Ele fazia isso como brincadeira, mas nunca com a intenção de ofender ou fazer os meninos chorar.

REMINICÊNCIAS HISTÓRICAS DE SÃO JOAQUIM DO MONTE

02 - REMINICÊNCIAS:
O Acólito e o Padre
Quando criança fui Acólito ("Coroínha") com o Padre José Clímaco, Pároco em São Joaquim do Monte, Pernambuco, juntamemte com outros meninos que não recordo dos nomes, mas que para ser Acólito além de participar incondicionalmente do "Catecismo" ministrado no Salão Paroquial aos domingos pelo Padre e a Catequista, lembro de uma catequista chamada por Izabel, que também tocava na Serafina (órgão musical) da Igreja Matriz. Os Acólitos estavam submetidos a uma hierarquia com a colocação de uma "platina" sobre os ombros dos meninos onde de acordo com o comportamento na igreja e competência, recebiam "estrelas" que ali postas, sendo douradas, prateadas e com de bronze. Isto fazia com que cada um tivesse melhor desempenho e estudasse mais o Catecismo e também os deveres de Escolas. O Padre Clímaco como era conhecido, foi uma Pároco atuante, tendo sido na sua gestão feita a reconstrução da Igreja Matriz de São Joaquim do Monte. Promovia muitas festas religiosas e cuidava muito bem do patrimônio religioso, Distribuia durante o período junino pequenos fogos de artifícios para as crianças, fogos que ele mesmo fabricava em casa.
Certo vez num dia consagrado à São João, não recordo precisamente se no ano de 1946 ou 1947, quando a fila defronte à Casa Paroquial, muitas crianças recebiam fogos de artifícios dados pelo Padre Clímaco. Quando chegou a minha vez, já não havia mais fogos, e eu e outros 5 ou 6 meninos sobramos. Veio a revolta, nós não entendíamos e interiormente não aceitávamos as explicações dadas pelo Padre, que prometia no "Sâo Pedro" nos contemplaria com fogos. E a festa na Csa Paroquial se estendia com a fogueira e muitos fogos, quando um dos meninos que não tinha recebido fogos me pediu para com ele tirar os pauzinhos da lona da espreguiçadeira onde o Padre sentava, para dar uma queda nele. Efoi só o que fizemos e saímos de perto. Depois soubemos que o Padre caiu e ficou uma fera, ainda bem que não se feriu, mas queria saber quem fizera aquele ato condenável. Nem mesmo no Confessionário nós revelamos, pois o medo era maior do que continuar com o "pecado".
Muitos anos depois, quando o Padre Clémaco já era mais Pároco, mas Delegado de Polícia, tivemos depois de 40 anos, possivelmente, contar a história a ele, que riu bastante e depois perguntou:"como você soube dessa história com tantos detalhes?". E rindo e saindo com o abraço, disse-lhe: "Ora, se fui eu um dos meninos que tiraram os pauzinhos da espreguiçadeira." E ele rindo disse: "Olhe eu agora sou Delegado de Polícia e posso processá-lo, sabia?". E me retirei rindo também e dizendo-lhe:" E como senhor irá encontrar o Padre Clímaco para depor?". E mais risos e risos. Nunca mais tivemos notício desse Sacerdote e Delegado de Polícia competente e amigo.